Deputado Alceu Moreira defende que país volte à agenda de centro

Deputado Alceu Moreira defende que país volte à agenda de centro

Parlamentar fala em construção de consensos ao citar relação do MDB com o governo de Jair Bolsonaro

Flavia Bemfica

Moreira acredita que país deve voltar à agenda de centro

publicidade

Reeleito no sábado para a presidência do MDB gaúcho, o deputado federal Alceu Moreira (MDB) diz que o atual momento do país é “promissor” para os partidos de centro e usa uma metáfora para descrever a toxidade observada no ambiente político. “Uma represa, quando se rompe, espalha água por todos os lados. Aos poucos, essa água vai baixar. É aí que o centro vai entrar, quando o pêndulo voltar da direita onde está hoje.”

O mesmo discurso “de construção de consensos” o deputado adota para demarcar a relação do MDB com o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), no qual o partido tem o ministro da Cidadania, o gaúcho Osmar Terra. “Vamos apoiar o governo, mas não de forma automática. A agenda liberal não tem nossa compreensão em uma série de pontos.”

Questionado sobre a sucessão de polêmicas em que o governo se envolveu e a queda na popularidade de Bolsonaro, o emedebista resume: “Estão muito empoderados, sentem-se poderosos. É muito voto e pouca prática. Essa poeira vai baixar e vão entender como as coisas funcionam.” As lideranças do MDB do Rio Grande do Sul consideram Terra escolha pessoal de Bolsonaro, e não partidária.

As declarações de Moreira foram feitas durante a convenção realizada no sábado, no diretório estadual, e que por ampla maioria reconduziu o deputado ao comando da sigla no RS. Um acordo anterior fez com que o MDB apresentasse chapa única. Dos 405 votos, a chapa, composta majoritariamente por integrantes que já estavam na direção, obteve 382.

A defesa da “convergência” e da “mudança” assinalada pelo presidente marcou também as manifestações de dirigentes e lideranças. Além disso, o partido lançou no evento o documento “Mudar e Avançar”, que norteará as discussões nos próximos meses e vai preparar as eleições municipais de 2020. O documento começa destacando que o resultado eleitoral de 2018 traduziu insatisfações da sociedade com o sistema político brasileiro e que isso teria ocorrido na esteira de “profundas transformações das relações e dinâmicas sociais” mundiais, às quais o MDB não teria ficado imune em função de ser o maior partido do país.

O texto prossegue informando que a sigla faz autocrítica em relação à atividade coletiva e “contemplando condutas individuais desonrosas.” E considera que o MDB teria prestado mais um serviço ao Brasil, cumprindo sua vocação democrática, ao revogar “o populismo ideológico que se impôs ao país por quase década e meia.” Tanto o documento como as manifestações das lideranças evitaram tratar objetivamente da prisão do ex-presidente Michel Temer e das contradições entre o papel da sigla no combate à ditadura instaurada em 1964 e sua vinculação agora com o atual governo.

A crítica mais incisiva coube ao deputado federal Giovani Feltes, que também cobrou coerência. “Nos primeiros cem dias, o governo Bolsonaro já mostrou sua fidelidade aos mais insensatos e radicais. Agora está na hora de entender a liturgia que o cargo exige e governar o Brasil de forma a que o crescimento e a recuperação da economia venham logo”, assinala o parlamentar. 

Represália árabe preocupa 

Após a convenção, Alceu Moreira falou sobre as questões que estão incomodando produtores rurais e que foram alvo de reclamações que ele, como presidente da Frente em Defesa da Agropecuária, externou na semana passada à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. 

“A construção de mercados, como os da China, da Rússia e do mundo árabe, é preciosa e demorada. Não estou tão preocupado que o Hamas venha aqui explodir bombas. Me preocupa que ele convença a comunidade árabe a deixar de comprar nossa carne. O negócio do Hamas foi a gota d’água”, disse, sobre a postagem do senador Flávio Bolsonaro a respeito do grupo. No evento, o ex-governador José Ivo Sartori foi lançado para a presidência nacional do MDB.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895