Eleições na Romênia em plena pandemia e com pró-europeus favoritos

Eleições na Romênia em plena pandemia e com pró-europeus favoritos

Analistas esperam índice de abstenção em torno de 60% devido à pandemia

AFP

Analistas esperam índice de abstenção em torno de 60% devido à pandemia

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Os romenos votam, neste domingo, em eleições legislativas nas quais os liberais pró-europeus no poder são favoritos, apesar das críticas à gestão da epidemia de coronavírus que ameaça estragar as festas de fim de ano. As assembleias de voto abriram às 7h (2h de Brasília) e fecham às 21h (16h de Brasília). A votação é realizada sob medidas sanitárias restritivas (máscara, desinfetante, distância física).

Não se espera um grande influxo devido à pandemia e ao desânimos dos eleitores. O índice de abstenção pode ficar em torno de 60%, segundo diversos analistas. O primeiro-ministro Ludovic Orban, que chefia um governo minoritário de centro-direita há um ano, parece bem posicionado para manter o cargo.

Seu Partido Liberal (PNL) tem 28% das intenções de voto, à frente dos sociais-democratas (PSD, oposição, 23%) e dos reformistas de uma jovem aliança de centro-direita, USR-Plus (18%), de acordo com o último levantamento do instituto IMAS.

Em uma região onde populistas e soberanistas estão ganhando terreno, Orban defende os valores europeus e promete reformas para modernizar este país de 19 milhões de habitantes, um dos mais pobres da Europa. A disputa será acirrada, mas os liberais têm uma grande vantagem: o apoio do popular chefe de Estado, Klaus Iohannis, procedente de suas fileiras.

Apesar das acusações de "violação da Constituição", este último fez campanha aberta pelo PNL e descartou o retorno dos social-democratas durante seu segundo mandato, que dura até 2024. Na sexta-feira, último dia da campanha, voltou a criticar o PSD, dizendo que esperava que "a Romênia se separe permanentemente daqueles que tentaram desviá-la de seu caminho europeu e democrático".

O PSD ganhou as eleições de 2016 e lançou uma polêmica reforma do sistema judicial muito criticada por Bruxelas. Essa reforma gerou uma onda de protestos sem precedentes desde a queda do regime comunista no final de 1989. Também ficou enfraquecido pela prisão por corrupção de seu ex-líder Liviu Dragnea. O PSD, que dominou a cena política nos últimos 30 anos, deixou o poder por um voto de censura no final de 2019, mas continua sendo maioria no Parlamento. 

"O que está em jogo é enorme", disse Orban em entrevista à AFP. "Uma elevada participação é crucial para que a Romênia continue a caminhar na direção certa, isto é, no respeito pelos direitos e liberdades fundamentais, o Estado de direito, um comportamento leal na UE e na Otan", sublinhou.

Por sua vez, o novo chefe do PSD, Marcel Ciolacu, acusou o governo de "incompetência" e "fracasso" em manter sob controle a segunda onda da covid-19. "O verdadeiro vírus que a Romênia enfrenta é (...) o PNL", escreveu no Facebook. O seu partido questiona se as restrições em vigor têm alguma utilidade.

Ao contrário, os epidemiologistas consideram as medidas insuficientes. As autoridades são a favor de confinamentos locais, em áreas que registram muitas infecções. Os hospitais, afetados pelo êxodo de médicos e escassez de recursos, estão saturados e temem que chegue um momento em que acabarão rejeitando pacientes gravemente enfermos por falta de leitos.


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