A três dias do segundo turno, aumenta tensão na corrida eleitoral em Porto Alegre

A três dias do segundo turno, aumenta tensão na corrida eleitoral em Porto Alegre

Manuela obtém direito de resposta no programa adversário; Melo, após pedido negado, promete recorrer

Flavia Bemfica

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A três dias do segundo turno das eleições municipais, aumentou ainda mais o acirramento na disputa pela prefeitura de Porto Alegre. A campanha de Manuela D’Ávila (PCdoB) ganhou direito de resposta na propaganda eleitoral do adversário, Sebastião Melo (MDB). Conforme decisão do juiz Leandro Figueira Martins, da 161ª Zona Eleitoral do TRE, ela terá um minuto, após, na terça-feira à noite, ele veicular que a justiça teria determinado a retirada do ar de uma “fake news” da ex-deputada. A decisão referida pelo emedebista em seu programa, contudo, tratava de uma postagem feita no Twitter por um blogueiro que não integra a campanha de Manuela.

O que aumentou de vez a tensão na campanha na Capital, contudo, não foi a postagem no twitter, e sim uma sucessão de movimentos dos dois candidatos ocorrida na quarta-feira. Primeiro, à tarde, Melo afirmou que Manuela teria, em uma das peças de sua propaganda na TV, lhe acusado de ser racista. A assessoria do deputado divulgou para a imprensa vídeo dele em frente ao Palácio da Polícia anunciando que, com “muita tristeza”, estava registrando um boletim de ocorrência em função da ‘ofensa’.

Com o mesmo argumento, o candidato acionou a justiça eleitoral solicitando direito de resposta no programa de Manuela. O juiz, contudo, indeferiu o pedido e considerou que o candidato adotou “induvidosa tentativa de buscar uma forma de cerceamento, a partir de qualquer argumento que tenha o potencial mínimo de lhe causar alguma insatisfação.” 

Ainda à tarde, a coligação de Manuela divulgou o indeferimento do pedido e anunciou que fará mais dois movimentos na esfera judicial. Ingressará com uma ação indenizatória contra Melo na justiça comum e com uma notícia crime por denunciação caluniosa na justiça eleitoral. Segundo o advogado Lucas Lazari, da assessoria jurídica da campanha da candidata, os argumentos nas duas ações são os de que Melo tentou produzir um fato político e divulgá-lo de diferentes formas com base em informações falsas mesmo estando ciente de que elas eram inverídicas.

Melo vai recorrer

A assessoria jurídica de Melo, por sua vez, não se deu por vencida. À noite, a comunicação da campanha do candidato divulgou que, apesar de ter o primeiro pedido negado pela Justiça Eleitoral, ele vai recorrer, solicitando retirada da propaganda da adversária e insistindo no direito de resposta. Ele também promete processar Manuela civil e criminalmente.

A peça que deu origem ao imbróglio foi veiculada na propaganda de Manuela na segunda. Ela traz um vídeo do vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), quando de sua afirmação de que não existe racismo no Brasil. E trecho do áudio do vereador Valter Nagelstein (PSD) sobre a eleição para a Câmara de Vereadores com declarações em que cita vereadores negros eleitos. Na sequência a propaganda diz que “essa é a turma do Melo”, e pede que o eleitor vote “contra o racismo e a favor da igualdade”.

Melo, em sua argumentação, justifica que Mourão e Nagelstein são seus apoiadores, mas diz discordar das colocações feitas pelos dois. Estrategistas de Manuela, por outro lado, avaliam que o emedebista tenta desde o final de semana ‘cavar’ notícias de que também seria alvo de fake news, como uma forma de se contrapor a um dos pontos de destaque na campanha da ex-deputada. Nesta corrida pela prefeitura, ela já obteve junto ao TRE a derrubada de 600 mil compartilhamentos de notícias falsas envolvendo seu nome.

 

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