Eleições 2022: Desembargadora alerta para aumento da violência política

Eleições 2022: Desembargadora alerta para aumento da violência política

Mulheres tendem a ser um dos alvos desse tipo de ataque

Paula Neiman*

Mulheres tendem a ser um dos alvos desse tipo de ataque

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O país tem registrado ao menos um episódio a cada três dias de violência política e, neste cenário, as mulheres são um dos alvos. O dado foi apresentado, nesta quarta-feira, pela desembargadora do Tribunal Regional Eleitoral do RS (TRE-RS), Vanderlei Teresinha Tremeia, durante evento que discutiu a participação das mulheres na política. Para ela, essa é uma “estratégia utilizada a cada ciclo eleitoral por grupos hegemônicos como ativo político para manutenção e concentração de poder (...) as táticas buscam minar a participação política principalmente das mulheres, da população LGBTQIA+, de pessoas negras e indígenas, grupo estruturalmente excluídos do processo democratico”, explicou, durante o primeiro painel. 

O simpósio “Participação Feminina na Política e Violência Política Contra as Mulheres”, promovido pelo TRE-RS, abordou vários aspectos relacionados e contou com as participações de pesquisadoras, desembargadoras e políticas.  

Além disso, ela destacou as questões enfrentadas pelas mulheres na política, comentando os ataques à democracia através de diversos aspectos. “As fake news afetam diretamente o assunto que trataremos hoje aqui. (...) nós chamamos de discurso de ódio e afeta diretamente a democracia no Brasil.” Ressaltou ainda os desafios dessa eleição, como desfazer as dúvidas em relação ao sistema de votação. 

No mesmo painel, a professora doutora em ciência política Céli Pinto falou sobre o início da luta das mulheres pelos direitos políticos. “É muito forte a presença e a relação entre a luta da mulher por estar no espaço público, por igualdade de direito e direitos políticos porque foi por aí que começou a luta”, explica ela, contextualizando o início da luta feminista nos anos 1930. Nesse período, as mulheres ainda lutavam pelo direito ao voto e buscavam mudar a sua posição dentro da sociedade. A pesquisadora disse ainda que na Constituição nunca houve a proibição do voto feminino, “dizia que todo cidadão tem direito ao voto, então, se as mulheres não podiam votar, não eram consideradas sequer cidadãs.”

Após a explanação de dados sobre as mulheres nas prefeituras do Brasil, as quais representam apenas 9%, a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), detalhou as dificuldades internas nos partidos. “A verdade é que quem manda nos partidos são as direções partidárias e, normalmente, elas são majoritariamente masculinas. Então, quando os partidos tiveram a obrigação de colocar 30% de mulheres (cotas), foram atrás, muitas vezes, de candidatas fakes, candidatas laranja. Isso é cada vez mais comum.” A prefeita defende a política de cotas como solução para a problemática. “Temos que ter cotas nas cadeiras dos parlamentos. É isso que vai mudar a realidade”.

* Supervisão Mauren Xavier


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895