Em comício, Dilma acusa oposição de ter "duas caras"

Em comício, Dilma acusa oposição de ter "duas caras"

Candidata petista discursou nesta quinta-feira diante de milhares de militantes no Gigantinho

Correio do Povo

Com milhares de pessoas no Gigantinho, o evento será um dos maiores da campanha petista

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A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, e o candidato ao Piratini, Tarso Genro, fizeram na noite desta quinta-feira, no Gigantinho, em Porto Alegre, ao lado do presidente Lula, o maior comício da campanha eleitoral até o momento. Organizado com antecedência pelos petistas gaúchos, o evento levou milhares de militantes ao comício. Além de Dilma, Lula e Tarso, discursaram o candidato ao Senado Paulo Paim o ex-governador Olívio Dutra e uma das estrelas do comício, o ex-governador Alceu Collares, cujo partido está coligado a José Fogaça, do PMDB.

Em um discurso pontuado por lembranças do período em que viveu em Porto Alegre após sair da prisão na época da ditadura, a candidata à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou que sua passagem pelo Estado desperta dois sentimentos: gratidão e confiança. Ela destacou que foi acolhida pela Capital num dos momentos mais difíceis de sua vida. A petista não perdeu a oportunidade de alfinetar seus adversários na briga pelo Planalto.

Dilma destacou que o governo Lula transformou o Brasil e fez o que outros prometeram. “Tiramos o país da escuridão, do desemprego, da falta de perspectiva para milhões de homens e mulheres”, disse. A petista se comprometeu a dar continuidade ao projeto desenvolvido durante os oito anos do governo Lula e investir em educação. “Quero garantir educação de qualidade a jovens e crianças. Educação de qualidade não é tratar professores a cassetadas, mas pagá-los bem”, observou.

Dilma lembrou que seus adversários foram os primeiros a querer decretar a ilegalidade do Prouni. “O partido que apoia o meu adversário, de onde saiu seu vice, foi o partido que entrou no STF pedindo a ilegalidade do Prouni. Eles têm duas caras. Uma nas eleições, outra na hora de governar”, criticou.

Último a discursar, o presidente Lula disse que chegou a vez de uma mulher governar o país e mandou um recado para aqueles que criticam a sua participação nas eleições: “Diziam que eu deveria ser um magistrado, mas eles não me achavam um magistrado quando tentavam me derrubar. Eles vão ter que ver muitas vezes a minha cara na televisão para pedir votos à companheira Dilma e ao companheiro Tarso Genro”, avisou o presidente.

“A direita tentou me derrubar para impedir o prosseguimento de um governo democrático. Essa elite, não aquela que trabalha, faz política de forma sórdida. Eles levaram o Getúlio Vargas a dar um tiro no coração.” E completou: “Eu mandei dizer a eles que eu não estaria no gabinete lendo os jornais deles caso quisessem me enfrentar. Mas que eu estaria na rua para conversar com o povo brasileiro”.

"Sou candidato do Lula porque ele reconhece valores", disse Tarso Genro

A participação no governo federal e a proximidade política com o presidente Lula foram os focos do discurso do candidato do PT ao Palácio Piratini, Tarso Genro, no comício realizado ontem à noite no Gigantinho, na Capital. Ele rebateu as especulações de que não teria o apoio explícito de Lula por conta da possibilidade da ampliação dos palanques da presidenciável Dilma Rousseff no Estado.

“Presidente, sua presença na nossa campanha nos traz muito orgulho. No momento em que ocorreu a abertura da aliança, com três ou quatro palanques para Dilma, chegaram a dizer que o senhor não teria candidato no Rio Grande do Sul. Mas eu fui ministro por sete anos do seu governo e o senhor sabe reconhecer valores”, afirmou Tarso, tendo uma das mãos erguidas por Lula. Tarso disse ainda que o presidente “sabe que quem afirma o projeto nacional no Estado é a Unidade Popular pelo Rio Grande”, disse, referindo-se ao nome de sua coligação.

Concentrando o discurso na parceria com Lula, o candidato ao Piratini afirmou que formou o maior agrupamento eleitoral do Estado ao seguir o exemplo do governo federal. “Graças ao seu governo, presidente, nós conseguimos costurar no Rio Grande a mais ampla frente política dos últimos 40 anos. O exemplo do Lula é compreendido e, por isso, nós temos na nossa unidade o PT, o PSB, o PC do B, o PR e o PPL”, ressaltou Tarso.

Collares não discursou, mas foi lembrado por Olívio Dutra

O ex-governador Alceu Collares e sua mulher, Neuza Canabarro, foram ao comício da presidenciável Dilma Rousseff com uma bandeira do PDT, que agitaram no palanque, ao lado do presidente Lula e do candidato ao Palácio Piratini, Tarso Genro. O PDT apoia oficialmente Dilma, mas líderes e militantes da sigla evitam participar de atos com a presença de Tarso devido à aliança com José Fogaça (PMDB) na disputa estadual.

Dissidente, Collares tem feito campanha para o PT. Ele critica Fogaça e o PMDB gaúcho por descumprirem o acordo nacional de apoio a Dilma. Estava previsto um discurso de Collares, porém, em função do atraso no início do evento, ele precisou abrir mão da fala. Coube ao ex-governador Olívio Dutra (PT), um dos mais aplaudidos, a tarefa de valorizar a presença de Collares.

Paim: "Lula não vetou projeto meu"

Primeiro a falar no comício, o senador Paulo Paim (PT) esclareceu que o presidente Lula sancionou todos os projetos de sua autoria. “Pelo contrário, ele sancionou o Estatuto do Idoso, que estava engavetado há sete anos, e aprovou o salário mínimo de U$ 100”, disse. “Ele não vetou nem o projeto do Fator Previdenciário, apenas falou que parte do projeto havia sido alterado e entendia que seria melhor analisá-lo novamente”, disse.

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