Em resultado apertado, MDB aprova coligação com PSDB para governo do RS

Em resultado apertado, MDB aprova coligação com PSDB para governo do RS

Em convenção, partido abriu mão da candidatura própria e vai indicar o vice na chapa encabeçada pelos tucanos

Flavia Bemfica

Convenção estadual do MDB definiu aliança com o PSDB na disputa pelo governo do Estado

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O MDB gaúcho vai se aliar ao PSDB na disputa pelo governo do Estado e indicar o vice na chapa encabeçada pelo ex-governador Eduardo Leite. A decisão foi tomada neste domingo, durante a convenção estadual do partido, realizada na Assembleia Legislativa.

Apesar de a oficialização do nome do vice ainda depender de uma chancela da executiva da legenda, está consolidado que ele é o do deputado estadual Gabriel Souza. Até este domingo Gabriel era o pré-candidato do MDB ao governo. A candidatura própria, contudo, foi derrotada no voto. Na cédula, os convencionais tinham que escolher entre duas alternativas: "Gabriel Souza candidato a governador" ou "Indicativo MDB nacional (coligação do PSDB - indicação pelo MDB do candidato a vice)."

Dos 473 emedebistas que votaram, 239 optaram pela aliança e 212 pela candidatura própria. Houve 18 votos nulos e quatro brancos. A escolha, conforme ficou demonstrado pelo resultado, não foi pacífica, e escancara a manutenção do racha do partido, dividido ao meio entre ter candidato ou apoiar os tucanos.

Lideranças como o ex-governador José Ivo Sartori, o ex-senador Pedro Simon e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, todos contrários a união com o PSDB, optaram por votar logo na abertura dos trabalhos e deixaram o evento em seguida. Desta forma, não participaram do momento de discurso dos líderes e nem do ato político após o encerramento da votação, às 13h30. É na parte reservada aos discursos que as lideranças defendem suas teses e fazem um esforço derradeiro para convencer os convencionais a seguí-las.

Mesmo com as ausências, nos bastidores do evento continuaram as trocas de acusações que ocorrem há meses entre os grupos que se apresentaram como favoráveis à candidatura própria e aqueles defensores do apoio a Leite. Todos se acusam de "jogo duplo". Os contrários a aliança com o PSDB seguem afirmando que Gabriel se apresentava publicamente como candidato mas, internamente, trabalhou com força para ser vice do tucano.

"O jogo é de cartas marcadas, e sempre foi. Nos últimos três anos e sete meses a única coisa que ouvimos da bancada estadual, com exceção do Tiago (Simon) e da Patrícia (Alba), foi que o Leite era o cara. É o maior mentiroso da história do RS, isso sim" afirmou o ex-prefeito de Gravataí, Marco Alba, um dos contrários a união com o PSDB.

Os apoiadores de Gabriel, por sua vez, afirmam que parte das lideranças, como Melo, não entrou de fato na campanha pela candidatura própria, restringindo seus movimentos à declarações a imprensa e manidestações em redes sociais. "Não fizeram campanha pela candidatura própria entre delegados de suas regiões. Com exceção do Osmar (Terra), não pediram votos, não se empenharam em ligar para os delegados", aponta um dos articuladores do parlamentar.

A afirmação faz referência direta ao peso das coordenadorias que, em tese, são áreas de influência de Melo, Sartori ou Alba, entre outros. E que poderiam ter gerado outro resultado. Porto Alegre, por exemplo, tem, sozinha, 19 delegados. Gravataí, outros 12. Caxias do Sul, mais sete. Mas as áreas de influência de Melo, Alba e Sartori, respectivamente, se estendem por muitas outras cidades que integram suas regiões e as 33 coordenadorias através das quais o MDB está organizado em todo o Estado.

Além da decisão sobre ter ou não um candidato ao Piratini, a convenção homologou as nominatas da sigla para a Câmara Federal e para a Assembleia Legislativa. Serão 26 candidatos a deputado federal e 38 a deputado federal. A executiva partidária foi autorizada a fazer as modificações que se façam necessárias nas chapas, como inclusões, exclusões ou substituições, dentro do prazo legal.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895