''Falha'' que atrasou divulgação foi recomendada pela PF, diz Barroso

''Falha'' que atrasou divulgação foi recomendada pela PF, diz Barroso

Presidente do TSE disse que mudança de procedimento na divulgação dos votos foi decisão técnica, a partir da recomendação expressa em relatório

R7

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso

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O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, disse neste domingo, que a mudança de procedimento na divulgação dos votos, com a centralização dos procedimentos no próprio TSE, foi uma decisão técnica, a partir da recomendação expressa em um relatório da Polícia Federal. A decisão foi tomada pela equipe técnica do TSE durante a presidência da ministra Rosa Weber, que assumiu o comando do tribunal em agosto de 2018.

"A centralização da totalização no TSE foi recomendação da pericia da PF em nome de se prover maior segurança à totalização. Portanto, é até possível que a centralização no TSE tenha sido a causa da lentidão, estamos estudando, mas foi decisão técnica decorrente de recomendação da PF e embora tenha dito que não tinha simpatia pela medida, eu também a teria tomado, porque era recomendação técnica de relatório minucioso da PF a esse respeito", disse Barroso, em coletiva de imprensa na noite deste domingo.

"A totalização nada mais é que olhar os boletins e somá-los. Não é singelo, porém, ao final, a demora não compromete a integridade do sistema. Eu não tenho controle do imaginário das pessoas, mas objetivamente o que aconteceu: foi preservada a integridade do sistema, os dados são conferíveis de cada urna e no final tudo se resume a lentidão", acrescentou o ministro.

A falha no sistema de totalizar os votos que causou o atraso na apuração é inédita desde a adoção da urna eletrônica, em 1996. Barroso reforçou que a falha não altera o resultado, uma vez que os comprovantes com o balanço dos votos de cada urna são emitidos ao fim do dia de votação em cada zona eleitoral. "A ideia de que a demora possa trazer algum tipo de consequência não faz nenhum sentido, porque o resultado das eleições já saiu no momento em que a urna imprimiu o boletim", disse.

Estabilidade

Um dia antes de uma falha técnica atrasar a divulgação dos votos do primeiro turno das eleições municipais, o secretário de tecnologia da informação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Giuseppe Janino, participou de um evento em que prometeu "mais estabilidade" e "melhor aproveitamento do processamento" na divulgação dos dados. O cenário que a população brasileira encontrou neste domingo foi totalmente outro.

"Até a eleição passada, a totalização era feita nos datacenters dos 27 TREs (Tribunais Regionais Eleitorais). Cada órgão fazia a recepção, verificação e soma dos votos, cabendo ao TSE proceder a leitura desses bancos de dados e, também, a divulgação dos resultados", disse Giuseppe, durante apresentação no último sábado (14) em que o TSE realizou a verificação dos sistemas das eleições de 2020. O vice-presidente do TSE, Edson Fachin, acompanhou o evento.

Na ocasião, Janino frisou que agora a divulgação dos votos se concentraria no próprio TSE, com os boletins sendo transmitidos para o datacenter do TSE. De acordo com ele, a medida representaria uma economia aos cofres públicos e um ganho na segurança.

"Conseguimos baixar bastante os custos, concentrando em um processo de nuvem, fazendo a virtualização de equipamentos", afirmou Janino na ocasião.

Repercussão - Na avaliação de Thiago Tavares, presidente da ONG SaferNet Brasil, é prematuro concluir que o TSE errou ao centralizar a divulgação dos votos.

"É necessário conhecer mais detalhes técnicos do que ocorreu para se chegar a uma conclusão mais abalizada. O TSE precisa ser totalmente transparente e divulgar um relatório técnico sobre o incidente, como recomendam as boas práticas de segurança cibernética", afirmou Tavares.


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