História de 20 anos impulsiona apostas sobre decisão de Fortunati

História de 20 anos impulsiona apostas sobre decisão de Fortunati

Adversários e apoiadores escolhem entre fim da candidatura em 2002 e resiliência em outras disputas

Flavia Bemfica

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Uma história de quase 20 anos está ajudando a impulsionar, entre adversários, as especulações a respeito da possibilidade de renúncia de José Fortunati (PTB) na disputa pela prefeitura de Porto Alegre nestas eleições de 2020. E, entre apoiadores, a garantia de que o ex-prefeito não desistirá.

Em 2002, Fortunati tentava a eleição para o governo do Estado pelo PDT, mas, em julho, abandonou a corrida sob a justificativa de falta de apoio político e financeiro por parte do partido. Anos depois, uma nova versão seria apresentada, de que a renúncia teria sido um pedido do líder máximo pedetista, o ex-governador Leonel Brizola, para viabilizar articulações nacionais.

Lideranças pedetistas admitem que, na época, Fortunati era visto como ‘cristão novo’ dentro do PDT, o que ajudou a desidratar suas possibilidades de levar a candidatura adiante. Ele havia chegado à sigla um ano antes, em 2001, após ter deixado o PT, partido que ajudou a fundar, e pelo qual havia exercido os mandatos de deputado federal e de vice-prefeito da Capital. E no qual tinha sido eleito o vereador mais votado de Porto Alegre nas eleições de 2000.

A saída do PT ocorreu tempos depois de Fortunati ter sido preterido na escolha sobre quem disputaria a prefeitura em 2000, quando o PT quebrou o acordo interno existente desde a conquista do primeiro mandato na administração municipal, em 1988. Tarso Genro, então vice de Olívio Dutra, havia sido alçado a candidato em 1992. E o vice de Tarso, Raul Pont, em 1996. Em 2000, era a vez de Fortunati, vice de Pont, “na fila”. Mas em uma disputa interna que gerou consequências de longo prazo no PT, Tarso foi sagrado candidato. Restou a Fortunati a disputa à vereança. Eleito, Tarso deixou o cargo dois anos depois, também para disputar o governo estadual, que perdeu para Germano Rigotto (PMDB). Em seu lugar, na prefeitura, ficou o então vice, João Verle. Sua administração marcou o fim das gestões petistas. Em 2004, José Fogaça (então no PPS) conquistou o primeiro mandato de prefeito. Foi reeleito em 2008 (de volta ao PMDB), com Fortunati, ainda no PDT, como vice. Fogaça saiu em 2010 para disputar o governo gaúcho e Fortunati assumiu o mandato. Tentou e levou a reeleição em 2012, com Sebastião Melo (PMDB) de vice.

No final de 2017 deixou o PDT, depois de o partido boicotar suas articulações para a disputa ao Senado que ocorreria no ano seguinte. Em abril de 2018 assinou ficha no PSB, após receber a garantia da direção partidária de que ficaria com uma das duas vagas da sigla para a disputa ao Senado. Na sequência, contudo, o PSB optou por lançar apenas Beto Albuquerque para o Senado e Fortunati se afastou temporariamente da política partidária. Em abril deste ano, após uma temporada de estudos em Portugal, se filiou ao PTB.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895