Manuela: "Vamos mostrar que não temos a política do acordão"

Manuela: "Vamos mostrar que não temos a política do acordão"

Candidata afirma ter presenciado nas comunidades a disseminação de notícias falsas sobre sua candidatura

Flavia Bemfica

Manuela D'Ávila integra o segundo turno à prefeitura de Porto Alegre

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Após obter 29% dos votos na disputa pelo comando da Capital, Manuela D’Ávila (PCdoB) dedicou a segunda-feira às articulações em busca de novos aliados e à definição da estratégia para a conquista de mais eleitores. Confira quais movimentos ela pretende fazer na nova etapa na campanha.

Nesta segunda, sua candidatura ganhou o apoio do PSol e da Rede, conversou com o PV. Também há expectativa sobre se conseguirá atrair o PDT e o PSB que, no primeiro turno, se uniram (assim como a Rede) em torno de Juliana Brizola. Já conversou com Juliana?

O PV terá uma definição na quarta-feira. Para a Juliana, enviei uma mensagem quando acabou a apuração. Respeito a Juliana, o PDT, e sei que eles têm seu espaço para debater o caminho ao segundo turno. Temos projetos muito mais próximos para a cidade, comprometidos em garantir trabalho, renda e proteção social; e uma proximidade nacional.

Há algum encaminhamento? O segundo turno será em 15 dias.

Já falei o que gostaria. Não significa que é só isso. Ou que eu não esteja trabalhando intensamente. Respeitamos o tempo e o foro do PDT daqui, os espaços de discussão e de construção de alternativas que farão.

Conversou com o PSB?

Conversei com o Beto (Albuquerque) ainda no domingo, com o Elisandro (Oliveira, presidente do PSB municipal) hoje (segunda). Ficamos de marcar encontro nesta terça.

Seu adversário no segundo turno já tinha uma coalizão ampla, que está aumentando. Há uma polarização de campos ideológicos. Estes fatores não estreitam a busca por aliados e votos?

Faremos as reuniões com os partidos, mas também debateremos diretamente com as eleitoras e os eleitores que não são tutelados por caciques partidários, que são livres. Vamos falar com os que não terão suas candidaturas na eleição. Poderão nos ouvir e escolher. E falaremos com estes quase 45% de porto-alegrenses que, entre abstenções, nulos e brancos, disseram que votar para a prefeitura não importava. E importa. Desejamos mostrar às pessoas que é o voto delas que pode garantir, por exemplo, vaga na creche, Carris pública, política de trabalho e renda e um enfrentamento real à pandemia que impeça a chegada da segunda onda. Estamos muito honrados com a votação, mas o fato é que a vencedora no domingo foi a apatia.

Sua candidatura teve presença reconhecida nas periferias, mas seu adversário também se movimenta bem nelas. E ele tem apoio do PTB, sigla que atua nestes mesmos estratos do eleitorado. Como vocês pretendem conquistar ou virar votos nas periferias?

Deixaremos claro que não adianta colocar o pé no barro e não ter o compromisso para que a pessoa tenha água na torneira, para que as mulheres sejam livres da violência, ou deixar idosos pagarem passagem. A Porto Alegre que se absteve massivamente elegeu pela primeira vez uma bancada de mulheres negras e um homem negro. E escolheu pela não continuidade do governo. Vamos mostrar que é todo o lado de cá que não tem os ex-secretários do prefeito, que não tem a política do acordão, e aquelas reuniões que distribuem cargos e secretarias.

As pesquisas todas apontavam sua candidatura à frente, com outro percentual. Esperavam estes números?

Algumas pesquisas apresentavam a tendência que ocorreu no domingo, então estávamos preparados. Porque, sobretudo depois do fim da propaganda na TV, presenciamos nas comunidades a disseminação de informações de que faríamos um lockdown no dia seguinte ao da eleição, de que iríamos demolir casas, fecharíamos postos de saúde. Sabíamos que havia em curso uma operação de destruição, digamos assim, da minha imagem. Vamos enfrentá-la com dignidade. É uma tranquilidade que eu tenho.

Acredita em um segundo turno sem fake news e desinformação?

Tenho feito um apelo por uma campanha de bom nível porque o que vimos no primeiro turno foi um desserviço para Porto Alegre. A cidade pode fazer a sua escolha entre projetos diferentes. Mas quem quer governar Porto Alegre tem o dever de fazer este debate com alto nível e com ideias, e não com outros tipos de táticas. O fato de existirem agora só dois candidatos também facilita. Todos identificarão o interessado se esta prática ocorrer.

Quais propostas pretende destacar agora?

Vamos mostrar que Porto Alegre precisa gerar trabalho e renda e só pode fazer isso protegendo e cuidando das pessoas. Não adianta ter microcrédito se não houver creche para as mulheres trabalhadoras. Não adianta lutar por compras públicas governamentais se tiver trabalho infantil e as crianças não forem para a escola. É falsa a ideia de que é possível cuidar da economia sem cuidar das pessoas. A economia se desenvolve quando as pessoas vivem com dignidade em toda a cidade. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895