PT e PSB tentarão reunir Beto e Edegar em mesa de negociação na próxima semana

PT e PSB tentarão reunir Beto e Edegar em mesa de negociação na próxima semana

Chances de chegar ao segundo turno e pressão dos comandos nacionais pesam sobre retomada das tratativas das siglas para apresentar candidatura única ao governo no RS

Flavia Bemfica

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Em uma clara mudança nas posições que vinham adotando até o início desta semana em relação a eleição estadual, a federação partidária que reúne PT, PCdoB e PV e o PSB gaúchos vão fazer uma nova reunião até a quarta-feira, com o objetivo de tentar solucionar o impasse sobre terem uma candidatura única ao governo do Estado. Por enquanto, o PT mantém a pré-candidatura do deputado estadual Edegar Pretto, e, o PSB, a do ex-deputado Beto Albuquerque. Mas, embora evitem manifestações públicas, internamente, articuladores de ambas as siglas admitem que no encontro da próxima semana deve ser tirado um indicativo sobre o rumo da negociação.

A mesa de tratativas será restrita: a ideia é de que dela participem apenas os presidentes estaduais de cada um dos partidos e os dois pré-candidatos. Na quarta-feira, na primeira reunião de retomada das negociações no Estado, realizada após interferências de dirigentes nacionais, cada um dos partidos mandou três representantes. Uma das possibilidades que está sendo aventada para tentar selar a unidade e, ao mesmo tempo, permitir uma ‘saída honrosa’ para o petista ou o socialista é a de, ainda em junho, Beto e Edegar serem chamados para um encontro com Lula e, após isso, um deles, em um ‘gesto de grandeza’, anunciar sua desistência de disputar o Piratini. A hipótese chegou a ser citada na reunião de quarta, mas ainda sem encaminhamento concreto.

Os sinais de que os partidos deverão chegar a um entendimento oficial no RS, independente de possíveis dissidências, foram dados tanto pelo presidente estadual do PT, o deputado federal Paulo Pimenta, como pelo do PSB, Mário Bruck. Após o encontro de quarta, Pimenta enviou áudio nos grupos petistas de whatsapp destacando o compromisso assumido de “um esforço à exaustão para que possamos ter uma candidatura de unidade no primeiro turno.” Ainda segundo o dirigente, há uma compreensão de todos os partidos sobre o desenho eleitoral no Estado e sobre o fato de a unidade se caracterizar como “fundamental para que possamos ter uma candidatura que efetivamente faça com que nosso projeto possa retornar ao Piratini.”

A manifestação de Bruck foi na mesma linha. “Não tivemos uma decisão, mas avançou o sentimento de que é necessário unificar. Isto poderá se materializar ou não, mas hoje está bastante forte a ideia de que, separados, não chegamos. Já se a gente se unir, a possibilidade de estarmos no segundo turno é muito concreta.” Caso as representações estaduais das duas siglas não consigam chegar a um acordo, o assunto acabará sendo resolvido pelas nacionais. No caso do PSB, por um comitê eleitoral que está tratando dos palanques regionais. O comitê tinha reunião agendada para a segunda-feira, 20, mas ela foi transferida para 27 de junho.

Reviravoltas

A reviravolta nas tratativas entre o PT e o PSB no RS acontece após a passagem do pré-candidato do PT à presidência da República, o ex-presidente Lula (PT), e de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB) pelo Estado, no início de junho. E depois de, em reuniões ocorridas em Brasília, na semana passada, o presidente nacional dos socialistas, Carlos Siqueira, ter deixado claro ao pré-candidato do partido, Beto Albuquerque, que a sigla não pretende apoiar a abertura do palanque do PSB nos estados a outros candidatos que não a chapa Lula/Alckmin.

Siqueira também informou sobre a possibilidade concreta de a campanha do ex-deputado não ser priorizada pelo diretório nacional no que se refere a destinação de recursos financeiros. A diretriz esvaziou as negociações de Beto com o PDT gaúcho, que incluía a concessão de palanque para o pré-candidato do PDT à presidência, o ex-ministro Ciro Gomes. Em paralelo, o PDT gaúcho começou a reforçar que vai insistir na pré-candidatura do ex-deputado Vieira da Cunha ao governo pelo partido, e promoveu um lançamento oficial em Porto Alegre, na quarta-feira passada, com a presença de Ciro. Até então, outras siglas consideravam que o nome de Vieira estava posto apenas como uma forma de os pedetistas negociarem a vaga de vice, mas os últimos movimentos alteraram essa percepção.

Ainda na semana passada, após as reuniões em Brasília, Beto aventou internamente a possibilidade de não concorrer a nenhum cargo em 2022 caso o PT consiga emplacar Edegar ao Piratini em uma composição com o PSB e ele, Beto, precise desistir da cabeça de chapa. Na outra ponta, após a desistência de Manuela D’Ávila (PCdoB) de ocupar o espaço, os petistas seguem insistindo em que o ex-deputado pode ficar com a vaga do Senado.

Se mantido o cenário atual de construção de unidade e no qual, na disputa interna, a pré-candidatura petista abriu vantagem após os acontecimentos dos últimos 20 dias, mesmo sem Beto, o PSB indicaria o nome para o Senado. A vaga de vice segue sendo reservada para o vereador Pedro Ruas, atualmente também pré-candidato ao governo pelo PSol. Parte do PSol gaúcho, com o qual a federação encabeçada pelo PT também busca uma aliança, contudo, se opõe frontalmente a uma coalizão com os petistas.


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