Em 1ª entrevista após caso Moro, Lula afirma que ex-juiz é mentiroso

Em 1ª entrevista após caso Moro, Lula afirma que ex-juiz é mentiroso

Ex-presidente expressou também estar sereno

AE

Lula se manifestou pela primeira vez após divulgação das supostas conversas entre o procurador da República, Deltan Dallagnol, e o ministro da Justiça - então juiz responsável pela condenação do ex-presidente -, Sergio Moro

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Em entrevista gravada na quarta-feira, 12, e exibida nesta quinta-feira, 13, pela emissora sindical TVT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a condução de seu caso pelo então juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública. "Ele (Moro) estava condenado a me condenar porque a mentira havia ido muito longe", disse. Para Lula, tanto Moro quanto o procurador Deltan Dallagnol são "mentirosos" e disse que o procurador "deveria ter sido preso".

O ex-presidente expressou também estar sereno. "A máscara vai cair. O que vai acontecer, eu não sei", e completou: "Eu estou mais tranquilo hoje, por que a minha tranquilidade é daquele que sabe que é honesto. Que sabe que Deus sabe que eu sou honesto. O Moro sabe que eu sou honesto."

Instituições como a Polícia Federal, disse Lula, "não podem ser manipuladas por moleques irresponsáveis" e atribuiu a eles a culpa pela desestabilização das estatais. Segundo ele, a PF e o Ministério Público estão "a serviço de interesses americanos" e não de combate à corrupção.

"Provem que Lula é culpado que eu fico quieto. Me desmoralizem, deixem minha neta envergonhada", desafiou o político. "Eu fico indignado! Isso é irresponsável. O Moro não olha nos olhos quando fala na TV. Ele e o Dallagnol. Eles não têm coragem." Lula acrescentou que ele e o partido sempre foram favoráveis ao combate aos ilícitos. "O PT criou mecanismos de proteção da coisa pública. Se alguém cometeu erro, tem que pagar", reforçou. "Querem me punir, ótimo. Mas todos têm que ser julgados com respeito à Constituição e com provas. Não posso prender o vizinho por não gostar dele. E daí estou há mais de um ano aqui apenas querendo que leiam o processo."

É a primeira vez que o ex-presidente se manifesta depois da divulgação das supostas conversas entre o procurador da República, Deltan Dallagnol, e o ministro da Justiça - então juiz responsável pela condenação do ex-presidente -, Sergio Moro.

Bolsonaro

Lula afirmou ainda, na entrevista à Rede TVT, que o País "pariu essa coisa chamada Bolsonaro". Segundo ele, isso foi resultado de uma série de fatos políticos que começaram com o movimento "Volta, Lula", passando pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a chegada do então vice-presidente Michel Temer à Presidência.

O ex-presidente afirmou que, quando começou o movimento "Volta, Lula", foi "obrigado" a fazer um discurso num evento no Anhembi, em São Paulo, falando que não era candidato, mas sim Dilma, "por direito". Lula disse que, a partir do "Volta, Lula" e do anúncio de que não seria candidato começou a haver um afastamento dos empresários.

Ele admitiu que poderia ter discutido a volta ao governo porque "tinha tanta vontade de fazer o que não tinha feito", mas que a candidatura à reeleição era de Dilma, "por direito". Lula disse, então, que na segunda campanha de Dilma, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), então candidato a presidente, "fez a bobagem que fez" de não reconhecer a vitória do PT e pedir recontagem de votos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois, afirmou, teve o impeachment, a chegada de Temer ao poder e a eleição de Bolsonaro.


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