Em carta aberta, irmão de Eduardo Campos defende que Marina seja candidata

Em carta aberta, irmão de Eduardo Campos defende que Marina seja candidata

Durante a tarde, familiares e amigos do ex-governador participaram de missa privada

Gabriel Jacobsen/Rádio Guaíba

Em carta aberta, irmão de Eduardo Campos defende que Marina seja candidata

publicidade

Único irmão de Eduardo Campos, o advogado e escritor Antônio Campos divulgou nesta quinta-feira uma carta aberta defendendo a candidatura de Marina Silva à presidência da República. No comunicado, Antônio Campos ainda destacou a trajetória política do irmão e do avô, Miguel Arraes, que também governou o Estado de Pernambuco. Na carta, o irmão de Eduardo Campos também explica os motivos para que o corpo do político seja enterrado ao lado do de Arraes, no Cemitério de Santo Amaro, no Recife.

Eduardo Campos morre em acidente aéreo em Santos
Demora na liberação de corpo pode adiar enterro de Campos
Cemitério onde Campos será sepultado vira ponto de peregrinação no Recife
Leia mais sobre a morte de Eduardo Campos

Durante a tarde desta quinta, a reportagem da Rádio Guaíba ouviu, na capital pernambucana, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro Filho, colega na Corte da também ministra Ana Arraes, mãe de Campos. Monteiro Filho, que visitou a casa da família, era amigo próximo de Eduardo Campos e revelou ter passado a ser interlocutor entre ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde que ambos se desentenderam.

Por volta das 16h30min, uma missa privada também foi realizada na casa de Eduardo Campos, restrita a familiares e amigos próximos, como o deputado federal gaúcho José Luiz Stédile. Aproximadamente 50 pessoas estiveram na cerimônia.

Já o clube Náutico Capibaribe, de Recife, do qual Campos era torcedor, cogita uma homenagem ao ex-governador, estampando o nome e a foto dele na camiseta a ser usada pelos jogadores na próxima partida da agremiação.

Veja na íntegra a carta aberta de Antônio Campos:

NÃO VAMOS DESISTIR DO BRASIL

A minha perda afetiva do único irmão é imensa, mas é grande a perda do líder Eduardo Campos, político de talento e firmeza de propósitos.

A nossa família tem mais de 60 anos de lutas políticas em defesa das causas populares e democráticas do Brasil. O meu avô Miguel Arraes foi preso e exilado, não se curvando à ditadura militar. Eduardo Campos continuou o seu legado com firmeza de propósitos, tendo trazido uma nova era de desenvolvimento para Pernambuco. Desde 2013 vinha fazendo o debate dos problemas e do momento de crise por que passa o Brasil, querendo fazer uma discussão elevada sobre nosso país. Faleceu em plena campanha presidencial, lutando pelos seus ideais e pelo que acreditava.

O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e de correr o risco para viver os seus sonhos pessoais e coletivos. Ambos faleceram, no dia 13 de agosto, e serão plantados no mesmo túmulo, no Cemitério de Santo Amaro, em Recife, túmulo simples, onde consta uma lápide com a frase do poeta Carlos Drummond: “ tenho duas mãos e o sentimento do mundo”. Essas sementes de esperança e de resistência devem inspirar uma reflexão sobre o Brasil, nesse momento, para mudar e melhorar esse país, que enfrenta uma grave crise, sendo a principal dela a crise de valores. Não vamos cultivar as cinzas desses dois grandes líderes, mas a chama imortal dos ideais que os motivava.

Como filiado ao PSB, membro do Diretório Nacional com direito a voto, neto mais velho vivo de Miguel Arraes, presidente do Instituto Miguel Arraes – IMA e único irmão de Eduardo, que sempre o acompanhou em sua trajetória, externo a minha posição pessoal que Marina Silva deve encabeçar a chapa presidencial da coligação Unidos Pelo Brasil liderada pelo PSB, devendo a coligação, após debate democrático, escolher o seu nome e um vice que una a coligação e some ao debate que o Brasil precisa fazer nesse difícil momento, em busca de dias melhores. Tenho convicção que essa seria a vontade de Eduardo.

Agradeço, em nome da minha família enlutada, as mensagens do povo brasileiro e de outras nacionalidades.


* Repórter Gabriel Jacobsen é enviado especial a Recife

Bookmark and Share

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895