Falhas na conexão e problemas técnicos motivam retorno às sessões híbridas na Assembleia

Falhas na conexão e problemas técnicos motivam retorno às sessões híbridas na Assembleia

Na sessão de hoje, voltará a ser permitida a presença de deputados e número limitado de assessores no plenário

Flávia Simões*

Assembleia deverá realizar sessões extraordinárias para conseguir vencer a pauta

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"Eu não consigo votar". "Eu voto favorável presidente". "O chat não está funcionando". Essas são frases comumente proferidas durante a condução dos trabalhos. "Hoje tá complicado", assume um deputado, durante a verificação de quórum, no início da sessão do dia 13 de abril. "Vocês estão ouvindo meu som?". "Não consigo acessar para votar e gostaria de votar pelo sistema", reclamou a deputada Zilá Breitenbach (PSDB), na mesma sessão. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gabriel Souza (MDB), avisa que a deputada está desconectada e continua a sessão.

Para amenizar os transtornos, como os citados, a Assembleia Legislativa retorna nesta terça-feira a sessão híbrida. Entre as motivações, estava o pedido reiterado de alguns parlamentares para a volta ao plenário em função dos problemas registrados. Das conexões que caem e microfones que não funcionam, o legislativo estadual começou o ano em sistema totalmente virtual, com apenas poucos membros da Mesa Diretora presentes no plenário de 20 de Setembro.

As falhas na transmissão também se tornaram frequentes. Na sessão do dia 13 de abril, outros parlamentares também não conseguiram se comunicar devido a problemas com a Internet, como a deputada Any Ortiz (Cidadania) que, após a terceira tentativa, consegue se pronunciar. “Fazer um apelo ao deputado Gabriel: que retorne às sessões híbridas”, pediu Any. 

Os microfones abertos já se tornaram erros comuns: "que furo guria!" falou o deputado Fernando Marroni (PT), durante o tempo de fala do deputado Fábio Ostermann (Novo). Mesmo sendo possível fechar o captor do áudio dos parlamentares através da Mesa Diretora, nem sempre isso ocorre a tempo. E, em um determinado momento, o presidente da Casa avisa "eu vou fechar o seu microfone, deputada Zilá". Conversas com assessores e ao telefone também já vazaram durante as sessões.

Infelizmente, é difícil uma sessão que não ocorra, em um momento, algum tipo de problema, inclusive para quem assiste. Transmitidas pelo canal no Youtube da Assembleia Legislativa, pela rádio AL e pelo canal aberto na TV, a transmissão virtual já chegou a ficar fora do ar por mais de 15 minutos, o que atrapalha quem está acompanhando as discussões.

As dificuldades, no entanto, não são restritas apenas às sessões plenárias. Reuniões de comissões e audiências públicas encontram transtornos similares. Durante a audiência pública que discutia a PEC do Plebiscito, na última quinta-feira, boa parte da fala de um convidado foi cortada porque sua internet falhou. A mesma coisa ocorreu durante outra audiência pública, sobre o mesmo assunto, na última sexta-feira. 

Se engana se pensa que os obstáculos são apenas técnicos: já aconteceu, também, de os deputados não conseguirem se pronunciar em seus momentos de fala porque estava ocorrendo obras ao lado da Casa, e o barulho, que entrava nos gabinetes, era muito alto. 

Por parte da presidência, na tentativa de agilizar as votações e evitar demais transtornos,  durante uma mesma sessão o deputado Gabriel Souza repassa, mais de uma vez, as instruções sobre a votação. “Será por meio do chat, mas os votos que não forem computados serão recolhidos nominalmente, por ordem de partido”, repete ele. No entanto, alguns parlamentares, com medo de não terem seus votos contados, falam: "meu voto é tal" fora de ordem. 

Dificuldades impactam nas discussões de propostas

Os problemas enfrentados atrapalham não apenas a condução das sessões, mas nas discussões de projetos e nas articulações de propostas e emendas. Essa é a principal queixa do deputado Giuseppe Riesgo, líder da bancada do Novo. “O debate se prejudica bastante, talvez seja esse o maior problema de todos”, afirmou o deputado. Segundo ele, a verdadeira discussão acalorada e profunda sobre as propostas acontece, muitas vezes, dentro do plenário e não na tribuna. 

Além disso, a troca de ideias entre diferentes parlamentares juntos, o que não é possível nas sessões virtuais, também é importante para o debate. Riesgo contou que no de modelo virtual, o que ocorre é um deputado ligar individualmente para o outro interessado na mesma proposta, o que “não é a melhor forma de debater, porque às vezes é bom ter vários deputados juntos”.

O deputado também reforçou críticas quanto aos problemas técnicos e à demora na condução dos trabalhos devido ao recolhimento dos votos nominalmente. “Muitas vezes o deputado está num local onde a internet não é de qualidade e isso prejudica demais a presença dele na sessão, as suas votações e as suas argumentações na hora do debate. É muito difícil ouvir um deputado que está com a internet lenta ou travando, muitas vezes cai. O problema, também, é que algumas vezes alguns deputados não têm muita familiaridade com o meio virtual e deixam vazar algum tipo de conversa que estão tendo, isso já aconteceu algumas vezes e é um pouco constrangedor em alguns aspectos”, comentou. 

Apesar disso, o presidente da Casa, deputado Gabriel Souza, afirma que estão sendo buscandas soluções para os transtornos técnicos. “Desde o início do ano legislativo, trabalhamos para contornar eventuais dificuldades técnicas e nas últimas sessões virtuais conseguimos realizá-las dentro da normalidade”, relatou.

*Sob supervisão de Mauren Xavier 

 


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