Falta de ação de Augusto Aras contra presidente é criticada por colegas

Falta de ação de Augusto Aras contra presidente é criticada por colegas

PGR se tornou alvo de procuradores e de parlamentares da oposição, que criticam sua "inércia" frente ao que chamam de excessos do chefe do Executivo

AE

Na coordenação do grupo de trabalho que atua na Operação Lava Jato, escolheu a subprocuradora Lindora Maria Araújo, também conservadora

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O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira, que daria uma vaga ao procurador-geral da República, Augusto Aras, para o Supremo Tribunal Federal (STF). "Se aparecer uma terceira vaga, espero que ninguém desapareça, para o Supremo, o nome de Augusto Aras entra fortemente", declarou o mandatário. Segundo ele, Aras está tendo uma "atuação excepcional". "Ele procura cada vez mais defender o livre mercado, o Governo Federal nessas questões que muitas vezes nos amarram", declarou o presidente em transmissão ao vivo.

A declaração foi dada no momento em que Aras pode denunciar o presidente no âmbito de inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e investiga se Bolsonaro interferiu na Polícia Federal para proteger sua família e amigos. No mandato de Bolsonaro, ele terá apenas duas vagas para preencher no STF com as aposentarias dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello.

Desde que assumiu o comando do Ministério Público Federal (MPF) em setembro de 2019, Aras vem tomando uma série de medidas que atendem aos interesses de Bolsonaro. A mais recente foi mudar de opinião e pedir a suspensão do inquérito das fake news, após uma operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, fechar o cerco contra o "gabinete do ódio" e atingir empresários e youtubers bolsonaristas. Assim, Aras se tornou alvo de procuradores e de parlamentares da oposição, que criticam sua "inércia" frente ao que chamam de excessos do chefe do Executivo.

Até quando se movimentou pela abertura de investigações, Aras teve a atuação contestada pelos pares. Ao pedir ao STF a abertura de investigação das acusações de Sérgio Moro de interferência política na Polícia Federal, o procurador mirou não só o presidente, mas também o ex-ministro. Após Bolsonaro participar de ato antidemocrático convocado contra o STF em abril, Aras pediu a apuração dos protestos, mas livrou o presidente e focou o inquérito na organização e no financiamento dos atos. "As ações do procurador, até agora, indicam uma certa proteção ao presidente", diz o advogado criminalista Davi Tangerino, professor da FGV-SP.

Na coordenação do grupo de trabalho que atua na Operação Lava Jato, escolheu a subprocuradora Lindora Maria Araújo, também conservadora. Nos bastidores do MPF, ela é acusada de fazer "devassa" contra governadores adversários do presidente, como o do Rio, Wilson Witzel (PSC). Procurado, Aras não se manifestou.


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