Franco: Declaração contra responsabilização foi para forçar Pfizer a ceder

Franco: Declaração contra responsabilização foi para forçar Pfizer a ceder

Ex-número 2 do Ministério da Saúde disse desconhecer solicitação de “kits Covid” por parte de secretarias municipais

AE

Franco falou sobre negociação do governo com a Pfizer

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O ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco afirmou à CPI da Covid que as declarações feitas por ele contra a responsabilização do governo brasileiro por efeitos adversos da vacina da Pfizer visavam forçar a farmacêutica a ceder em exigências.

“Isso é uma discussão comercial porque eles não arredaram em nenhuma vírgula das exigências deles. Eu estava forçando para que eles viessem a ceder nas suas exigências”, afirmou Franco ao colegiado. “Nós tínhamos o interesse de adquirir a maior quantidade possível de vacinas. Da mesma forma que a Pfizer nos pressionava e procurou o Ministério da Economia, o Congresso e o Palácio do Planalto, era também uma forma de pressioná-los para que cedessem em algumas das cláusulas chamadas 'leoninas' e não cederam em nada”, afirmou.

À época das negociações, Franco havia dito que o governo não tinha “nenhuma intenção” de preparar legislação no sentido de isentar a farmacêutica por possíveis efeitos adversos da aplicação de vacina contra a Covid-19. Estudo recente em Israel apontou que a vacina da Pfizer tem eficácia de 97% para evitar casos sintomáticos de Covid-19. 

“Kit Covid”

Franco também disse desconhecer a solicitação de “kits covid”, coquetel de remédios que não conta com aval médico, por secretários municipais de Saúde à pasta. À CPI da Covid, Franco afirmou que a cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a Covid-19 e defendida pelo presidente e apoiadores como alternativa às medidas de prevenção, estava prevista na relação do Ministério da Saúde para ser usada no tratamento da malária e do lúpus.

Segundo narrou o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), “em janeiro de 2021, secretários de Saúde dos municípios foram procurados por parlamentares bolsonaristas, entre eles Bibo Nunes (PSL-RS), para que fizessem a solicitação ao Ministério da Saúde para receberem o kit covid para tratamento precoce”. 

Porto Alegre foi uma das cidades que chegou a fazer solicitação deste kit, em janeiro. A medida foi barrada pela Justiça

Franco respondeu que “o kit de tratamento precoce não é utilizado pelo ministério” e reforçou que os remédios eram fornecidos mediante a demanda de Estados e municípios.


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