Funcionalismo promete mobilização contra PEC que extingue Licença Capacitação

Funcionalismo promete mobilização contra PEC que extingue Licença Capacitação

Benefício substituiu Licença Orêmio após votação de proposta enviada ainda por Sartori

Luiz Sérgio Dibe

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A aprovação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, do parecer elaborado pelo deputado Edson Brum (MDB), que admite a constitucionalidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 276/2019, a qual propõe a extinção da Licença Capacitação dos servidores públicos repercutiu entre entidades representativas de carreiras do funcionalismo. A regra vigente na atualidade permite ao servidor gozar de três meses a cada cinco anos para atividades de capacitação relacionadas com sua função pública. 

Para o presidente da Federação dos Sindicatos de Servidores do Estado (Fessergs), Sérgio Arnaud, a admissibilidade na CCJ representa a "consagração" da desestruturação do serviço público estadual. "Qualquer organização que se preza e, principalmente, o Estado que serve aos cidadãos, precisa qualificar seus trabalhadores. Esta é mais uma iniciativa que tenta colocar a sociedade contra o servidor público, sob a falsa justificativa de que são estas pessoas as responsáveis pela má administração das contas públicas", lamenta Arnoud.

O dirigente sindical promete mobilização e diz acreditar que a iniciativa possui "evidente viés ideológico" e não transita com a mesma força por todas as bancadas da base governista. A proposta é de autoria do deputado Fábio Ostermann (Novo) e teve o apoio de outros 18 parlamentares. O parecer aprovado recebeu nove votos favoráveis e dois contrários.

Aprovada em segundo turno em janeiro de 2019, a Licença Capacitação substituiu a Licença Prêmio, em uma PEC enviada pelo ex-governador José Ivo Sartori (MDB) em 2015, tendo sido aprovada em primeiro turno em julho de 2017. Conforme Ostermann, a mudança não eliminou privilégios e fabricou um novo problema. "Na prática, se estabeleceu no lugar da licença-prêmio um outro mecanismo que poderá vir a ser usado como instrumento de compensação pecuniária ou para simplesmente faltar ao trabalho, como já vem sendo feito em Brasília, onde se criou uma indústria de cursos", criticou Ostermann. 

Autor e signatários consideram que a regra representa "férias extra" para os servidores. O argumento é contraposto com veemência pela vice-presidente do Cpers, Solange Carvalho, entidade que representa os professores da Rede Estadual de Ensino. "Os professores do Estado jamais usufruíram desta licença para lazer. O dever de fazer cursos está no estatuto do magistério. É uma obrigação e um compromisso público da nossa carreira", responde.

A dirigente do Cpers também diz que a proposta provocará reação entre os professores, nas coordenadorias do Cpers, na Capital e no Interior. "É uma injustiça com pessoas que possuem o mais alto compromisso com a comunidade gaúcha", pontua.
 


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