Governadora de Roraima elogia decisão judicial que barra venezuelanos

Governadora de Roraima elogia decisão judicial que barra venezuelanos

Advocacia Geral da União informou que vai recorrer do decreto

AE

Por meio de nota, governadora criticou omissão do governo federal sobre o assunto

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A governadora de Roraima, Suely Campos, disse nesta segunda-feira que a suspensão da admissão de venezuelanos através da fronteira de seu estado - determinada pelo juiz federal da 1ª Vara da Federal de Roraima Helder Girão Barreto - foi acertada por respeitar "o sentimento de todo um estado". "Não vamos mais aceitar que Brasília trate esta crise migratória por procuração, porque ela bate à nossa porta, não à deles", disse a governadora, por meio de nota. Segundo ela, Roraima está lidando com as consequências de uma tragédia social com a "total omissão do governo federal".

A determinação do juiz federal Helder Girão Barreto foi tomada após a Advocacia-Geral da União (AGU), o Ministério dos Direitos Humanos e Ministério Público Federal terem se manifestado contrários ao Decreto Estadual 25.681, que determina às forças policiais do estado o controle da fronteira com a Venezuela e proíbe o acesso de imigrantes venezuelanos a hospitais estaduais. A AGU informou que vai recorrer da medida.

De acordo com a nota divulgada pela governadora de Roraima, a liminar é um "sinal claro" do "sucesso" da postura de seu governo. "Somos nós que estamos lidando com as consequências de uma tragédia social em nossas fronteiras com a total omissão do governo federal. Estamos desde maio pedindo o fechamento da fronteira no Supremo Tribunal Federal e o auxílio financeiro para minimizar o impacto em nossos serviços públicos".

Críticas ao decreto

Segundo a AGU, o decreto assinado pelo governo do estado prejudica direitos dos venezuelanos que vieram ao Brasil, além de interferir em algo que seria de competência federal. Na petição, a advogada-geral da União, Grace Mendonça, diz que o decreto assinado pela governadora Suely Campos estabelece discriminação e contraria princípios humanitários que o Brasil adota. O decreto estadual foi criticado também pelo Ministério dos Direitos Humanos que informou, em nota, que vai recorrer ao Ministério Público, uma vez que o Brasil é signatário de uma série de tratados internacionais que estabelecem regras que asseguram direitos a estrangeiros sob proteção do Estado.

Decisão Judicial

Na decisão que suspende a entrada de venezuelanos no país, o juiz Hélder Barreto diz que "é imperioso rechaçar a ideia de que, em matéria da imigração, a União tudo pode, e os estados e municípios tudo devem suportar". Ele acrescenta que o Estado brasileiro pode adotar a política de imigração que entender, desde que não viole a Constituição Federal e a autonomia dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. "O ônus dessa política deve ser repartido por todos e não suportado por apenas um", acrescentou o magistrado, ao afirmar que o Brasil acolhe os imigrantes venezuelanos "desde que eles fiquem em Roraima".

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