Governo demite assessor de Mourão que discutia impeachment de Bolsonaro

Governo demite assessor de Mourão que discutia impeachment de Bolsonaro

Na quinta-feira, o vice-presidente afirmou que Ricardo Roesch agiu sem sua autorização e por isso seria exonerado

R7 e AE

Demissão foi decidida após o site O Antagonista mostrar mensagens trocadas entre o servidor e o chefe de gabinete de um deputado

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O Diário Oficial da União publicou nesta sexta-feira a exoneração do assessor parlamentar da Vice-Presidência Ricardo Roesch Morato Filho, acusado de debater com parlamentares um impeachment do presidente Jair Bolsonaro. O despacho com a exoneração é assinado por Walter Braga Netto, ministro da Casa Civil. O funcionário está de férias e nem mesmo retornará às funções no Palácio do Planalto.

A demissão foi decidida após o site O Antagonista mostrar mensagens trocadas entre o servidor e o chefe de gabinete de um deputado. A conversa teria relação com articulações no Congresso para um futuro impeachment do presidente. A troca de mensagens "chocou" a equipe de Mourão.

Nesta sexta, após a publicação do DOU, o vice-presidente disse que situação foi "lamentável" e que gerou "um ruído desnecessário". Foi uma situação lamentável. Em primeiro lugar, porque não concordo com o processo de impeachment, não apoio isso aí, como já falei várias vezes. Segundo lugar, não é a forma como eu trabalho", afirmou em conversa com jornalistas na chegada ao Palácio do Planalto.

Caso

Ricardo Roesch, então chefe de assessoria parlamentar de Mourão, teria enviado mensagens convidando um chefe de gabinete no Congresso para um café e mencionado conversas com "os assessores de deputados mais próximos". "É bom sempre estarmos preparados", escreveu.

Na troca de mensagens, ele sugere a perda de força do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência. Segundo ele, Mourão teria dividido a ala militar do governo. Ele diz ainda: "capitão está errando muito na pandemia - Gal. Mourão é mais preparado e político você sabe disso".

Antes de confirmar a demissão do servidor, o gabinete de Mourão emitiu uma nota por meio da qual repudiava a "inverdade de toda a narrativa" e dizia que ninguém de sua equipe teve, tem ou terá comportamento como aquele revelado pelo site. A nota apresentou, ainda, uma declaração atribuída ao vice, que é militar da reserva: "Na profissão que exerci por 46 anos a lealdade é uma virtude que não se negocia".

Segundo Mourão, o assessor agiu sem o seu consentimento e por isso seria demitido. Ainda de acordo com o vice-presidente, o auxiliar negou ter sido o autor das mensagens e alegou que teve o celular hackeado, mas ele não acreditou nessa versão.

"Uma troca de mensagens imprudente, gera um ruído totalmente desnecessário no momento que a gente está vivendo. A partir daí a pessoa que tinha um cargo de confiança perde a confiança para exercer esse cargo. Lamento isso", afirmou Mourão.

Ele disse não ter conversado sobre o assunto com Bolsonaro por se tratar de uma "questão interna" da sua equipe. Ele declarou ainda que o assunto está "resolvido e encerrado". "Eu prezo por demais o princípio da lealdade", disse. "A lealdade é uma estrada de mão dupla, ela é minha com meus subordinados, vamos falar assim, e deles comigo. No momento que isso é rompido, se rompe um elo e não dá mais para trabalhar junto", acrescentou.


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