Governo suspende nomeação de presidente da Fundação Palmares
Sérgio Camargo fez uma série de declarações polêmicas sobre racismo e o movimento negro
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O governo federal suspendeu a nomeação do jornalista Sérgio Camargo para a Presidência da Fundação Palmares. A decisão foi publicada na edição desta quarta-feira (11) do Diário Oficial da União, que não aponta nenhum outro nome para o cargo.
Sérgio Camargo foi nomeado no dia 27 de novembro para subistituir Vanderlei Lourenço. A decisão de Roberto Alvim, secretário Especial da Cultura — pasta a qual a fundação está vinculada — gerou uma série de manifestações contrárias. Isso porque o jornalista, que é negro, fez uma série de declarações polêmicas sobre racismo e o período da escravidão no Brasil, além de defender o fim do Dia da Consciência Negra.
Antes de ser nomedo para chefiar a Fundação Palmares, órgão criado para promover a cultura afro-brasileira, ele descreveu como "nutella" o racismo no Brasil. "Racismo real existe nos Estados Unidos. A negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda", afirmou. Sérgio Camargo também chegou a afirmar que a escridão no Brasil foi "benéfica" para os negros. "A escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes. Negros do Brasil vivem melhor que os negros da África."
A reação dos movimentos sociais foi imediata, e militantes passaram a pedir a revogação da nomeação. Até mesmo Wadico Camargo, irmão de Sérgio, criticou a decisão do governo. Nas redes sociais, o produtor cultural disse "ter vergonha" do parente, a quem se referiu como "capitão do mato".
Na ocasião, a Secretaria Especial da Cultura informou, em nova, que as mudanças na equipe "visam garantir maior integração e eficiência à pasta". Na mesma nota, o órgão declarou que Sérgio Camargo "defende que o negro não precisa ser de esquerda e trabalha pela libertação da mentalidade que escraviza ideologicamente os negros, gerando dependência de cotas e do assistencialismo estatal".
A pasta afirmou ainda que a função do jornalista à frente da Fundação Palmares seria "desaparelhar e direcionar o dinheiro público para o desenvolvimento de políticas públicas que protejam e incentivem a verdadeira cultura negra". No último dia 4, o juiz Emanuel José Matias Guerra, da 18ª Vara Federal do Ceará chegou a barrar a nomeação de Sérgio Camargo. Na avaliação do magistrado, a decisão "contraria frontalmente os motivos determinantes para a criação daquela instituição e a põe em sério risco". Na ocasião, Camargo informou ao R7 que a decisão do juiz era "estapafúrdia" e seria derrubada.