"Guerra cibernética atingiu em cheio nosso governo", afirma Mourão em Porto Alegre

"Guerra cibernética atingiu em cheio nosso governo", afirma Mourão em Porto Alegre

Vice-presidente falou brevemente sobre revelações de mensagens atribuídas a Sérgio Moro

Flávia Bemfica

General respondeu a três questionamentos durante evento

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O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, afirmou, na noite desta sexta-feira em Porto Alegre, que “a guerra cibernética atingiu em cheio o nosso governo.” A declaração, uma referência ao vazamento de mensagens que mostram colaboração entre o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, quando este era o juiz federal responsável pelo julgamento de casos da Lava Jato; e o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da operação em Curitiba, ocorreu durante evento fechado para convidados, promovido pelo Lide-RS no Country Club.

A declaração foi feita logo no início da explanação do vice-presidente, que tratou de uma gama ampla de temas, mas sem maiores detalhamentos. Mourão falou de geopolítica internacional à possibilidade de uma proposta para que egressos de universidades públicas deem aulas gratuitamente por períodos determinados após o término do curso, como forma de retribuir ao Estado.

Quando falava de geopolítica internacional, Mourão reservou uma parte da exposição para a Venezuela. “Não é uma solução simples. Não adianta só reconhecer o Guaidó. O peão do jogo são as Forças Armadas do país. A solução passa obrigatoriamente por elas, que enfrentam pressão dos atores externos: Cuba, Rússia, China, Estados Unidos; e dos internos: milícias, narcotráficos, contrabandistas.” O vice-presidente denominou de “arautos do caos” os defensores de uma intervenção militar brasileira no país vizinho e disse que desconhecem “toda e qualquer característica de guerra. “É um problema logístico terrível para nós.” Ele lembrou ainda que uma intervenção seria totalmente contrária à tradição brasileira de não intervenção em problemas internos de outros países. “E por quê? Porque também não queremos que ninguém venha meter sua colher torta aqui dentro do Brasil.”

As considerações sobre o “ataque cibernético” foram feitas logo após afirmar que a Rússia busca seus objetivos geopolíticos e reage por meio da chamada “guerra híbrida”. “A Rússia reage por aquilo que hoje se chama de ‘guerra híbrida’, ela hackeia, ela interfere nas comunicações, ela interfere na Internet, entra dentro da Síria para apoiar o regime do Assad, entra dentro da Venezuela para apoiar o regime do Maduro, ou seja, ela age como um hoolligan no cenário internacional.” Hooligan é um termo utilizado para descrever comportamentos destrutivos e atos de vandalismo.

Foram as únicas referências ao vazamento das mensagens publicadas pelo site The Intercept Brasil, e que atingem Moro e a Lava Jato. Mourão falou por pouco menos de 40 minutos, e respondeu a apenas três questionamentos encaminhados pelos convidados e selecionados pela organização do evento. A limitação das perguntas, conforme anunciou o presidente do Lide-RS, Eduardo Fernandez, se deveu ao cumprimento do horário e ao jogo da Seleção Brasileira na abertura da Copa América, que teve início às 21h30min. O evento, com término previsto para às 21h, acabou com poucos minutos de atraso.

A alusão à demissão do general Santos Cruz da Secretaria de Governo se deu também foi econômica. Quando Mourão disse que lhe desagradam as avaliações de que exista uma “ala militar” no governo, como se ministros militares se reunissem para articulações, citando nominalmente alguns. Ao final, emendou: “Agora o Santos Cruz não mais.”

As três perguntas da plateia também não trataram dos vazamentos ou de Santos Cruz. A previdência foi citada rapidamente na última pergunta, sobre tecnologia e desburocratização. Os outros dois questionamentos foram sobre qual o impacto das diferenças existentes entre as alas militar, ideológica e técnica para implementar as ações em prol do desenvolvimento; e sobre PPPs e desestatizações.


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