Haddad critica condução do MEC e do Itamaraty e acredita na queda dos ministros

Haddad critica condução do MEC e do Itamaraty e acredita na queda dos ministros

Candidato à Presidência da República pelo PT descartou movimento em prol de impeachment de Bolsonaro sem que haja crime de responsabilidade

Correio do Povo e Rádio Guaíba

Líder petista voltou a defender a liberdade do ex-presidente Lula

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Ex-candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, de postura sempre comedida, subiu o tom em entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, nesta sexta. O ex-ministro da Educação do governo Lula condenou a condução do Ministério da Educação e a postura do Itamaraty nos primeiros três meses do governo Jair Bolsonaro. No entanto, apesar das críticas, Haddad disse que o PT não fará nenhum movimento para pedir impeachment do presidente, a não ser que ocorra algum crime de responsabilidade.  

Haddad disse que o ministro da Educação, Vélez Rodrigues, é uma pessoa fora da área, sem experiência administrativa e política para comandar uma pasta tão importante. A respeito da manifestação de Vélez de que iria mudar o conteúdo dos livros didáticos a respeito do golpe de 1964, o líder petista declarou que isto seria um ato de improbidade administrativa. "O ministro tem o dever de não interferir. Opinião você pode dar, mas alterar os fatos históricos não."

O candidato à Presidência do PT nas últimas eleições também se manifestou contra a postura adotada pelo Ministério das Relações Exteriores. Segundo o petista, MEC e Itamaraty não saem das capas dos jornais em razão das inúmeras gafes que têm cometido. "Basta ver o puxão de orelhas que tomamos a respeito da afirmação de que o nazismo é de esquerda, ou quando vamos para os EUA entregar tudo e não trazer nada de volta. Há pouco fomos criticados pela comunidade árabe. Enfim, estes dois ministros (Vélez Rodrigues e Ernesto Araújo) não têm capacidade de liderança e de gestão. Entendo que eles podem ser trocados em breve."

Fernando Haddad disse que o governo Lula foi reconhecido no mundo pelas ações na Educação e nas Relações Exteriores. E que, agora, são as duas áreas que mais apresentam problemas no governo Bolsonaro."Eu queria muito ter debatido com ele estas questões tão importantes, mas passou a eleição. Nota-se que ele (Bolsonaro) não conhece, tanto que escolheu um zé ninguém para ser ministro da Educação".

Questionado se o presidente Bolsonaro chegará ao fim do seu mandato, Haddad foi categórico. Declarou que ele o PT são defensores da democracia e que o partido não fará nenhum gesto sobre impeachment sem que haja realmente um crime de responsabilidade.

Caravana

O petista inicia hoje, em Porto Alegre, a Caravana Lula Livre. O objetivo, segundo Haddad, é conversar com a população acerca da prisão do ex-presidente Lula, considerada por Haddad como arbitrária e sem provas. "Eu li e reli a sentença e não encontrei uma linha que prove a culpa do Lula." Além disso, Haddad quer dialogar sobre temas importantes como a Reforma da Previdência, discutir a democracia e falar de direitos sociais. De Porto Alegre, a caravana segue para Florianópolis, no sábado. Domingo, 7 de abril, data em que se completa um ano da prisão de Lula, Haddad estará em Curitiba.

Prisão em 2ª instância

Haddad se mostrou incomodado com a alteração da jurisprudência em 2016, quando, segundo ele havia outro entedimento em 2009. "Geralmente o STF leva muitos anos para alterar uma interpretação da Constituição, por isso, que, sim me causa estranheza ter ocorrido tão recentemente." Deixou claro, no entanto, que não é 100% contrário à medida e que em alguns casos se faz necessária a prisão. "Eu gostaria de lembrar que o Judiciário existe para proteger indivíduos e que pode até contrariar o senso comum, frear tentações autoritárias em benefício de um bem maior."

Venezuela

Para o ex-candidato, os venezuelanos vivem uma situação instável. Segundo ele, a democracia exige que todas as partes respeitem regras específicas e que isto se perdeu na Venezuela. Haddad defende uma resolução madura, com díalogo e não com "palavras ridículas."

Congresso

Segundo Haddad, "o Congresso Nacional tem legitimidade, afinal todos que estão lá foram eleitos e nunca é fácil ter uma base aliada sem negociar, pactuar, isso faz parte da democracia". "O que não pode é aceitar faca no pescoço, deixar de seguir princípios éticos e morais".
 

Fernando Haddad concede entrevista


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