Israel critica citação de Weintraub ao nazismo

Israel critica citação de Weintraub ao nazismo

Embaixada no Brasil publicou nota em sua conta oficial no Twitter

AE

Weintraub fez citação com referência ao nazismo

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A embaixada de Israel no Brasil publicou uma nota em sua conta oficial no Twitter em que pede que não se use o holocausto como parte de discursos políticos e ideológicos. Mesmo que de forma não intencional, destaca a representação, o uso do holocausto no discurso público pode banalizar a memória e a tragédia do povo judeu.

A publicação acontece após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, comparar em mais de uma publicação a operação da Polícia Federal no inquérito das fake news, anteontem, ao nazismo.

Weintraub disse que a operação seria como uma versão brasileira da Noite dos Cristais, como ficou conhecido o 9 de novembro de 1938, quando sinagogas, lojas e residências judias foram atacadas por nazistas e cidadãos alemães. O episódio é considerado um marco no enrijecimento a perseguição do povo judeu pelo regime nazista.

"Houve um aumento da frequência de uso do holocausto no discurso público, que de forma não intencional banaliza sua memória e a tragédia do povo judeu. Pela amizade forte de 72 anos entre nossos países, pedimos que a questão do holocausto fique à margem da política e ideologias", afirmou a embaixada, sem citar Weintraub.

Mais cedo, o cônsul geral de Israel em São Paulo, Alon Lavi, repudiou as declarações de Weintraub. "O holocausto, a maior tragédia da história moderna, onde 6 milhões de judeus, homens, mulheres, idosos e crianças foram sistematicamente assassinados pela barbárie nazista, é sem precedentes. Esse episódio jamais poderá ser comparado com qualquer realidade política no mundo", escreveu Lavi.

Além da mensagem, o cônsul ainda compartilhou publicações do Museu do Holocausto de Curitiba. Em uma série de tuítes, a instituição compartilhou materiais sobre o fato histórico ao qual se referiu o ministro. As publicações foram acompanhadas por uma arte com os dizeres "Não é apenas uma nota de repúdio".

O Comitê Judaico Americano, uma das principais organizações da comunidade judaica nos Estados Unidos, pediu um basta no uso político do holocausto por autoridades do governo Jair Bolsonaro. "Chega! O reiterado uso político de termos referentes ao Holocausto por oficiais do governo brasileiro é profundamente ofensivo para a comunidade judaica e insulta as vítimas e os sobreviventes do terror nazista. Isso precisa parar imediatamente", disse a associação no Twitter.

Direito

O ministro comentou as reações a seus comentários por meio da mesma rede social. Em mensagem no Twitter, Weintraub afirmou ter direito de falar do holocausto porque tem avós, brasileiros, sobreviventes de campos de concentração nazistas. "Não falem em nome de todos os cristãos ou judeus do mundo. Falo por mim! Tive avós católicos e avós sobreviventes dos campos de concentração nazistas. Todos eram brasileiros. Tenho direito de falar do holocausto! Não preciso de mais gente atentando contra minha liberdade".


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