Jairinho questiona manobras médicas feitas em Henry e diz que perito não viu o corpo da criança

Jairinho questiona manobras médicas feitas em Henry e diz que perito não viu o corpo da criança

Acusado pela morte e tortura do enteado, ex-vereador do Rio prestou primeiro depoimento à Justiça nesta segunda

R7

Solidariedade afastou o vereador Dr. Jairinho, preso nesta quinta-feira por envolvimento na morte do enteado Henry Borel, de 4 anos

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Em seu primeiro depoimento à Justiça, o ex-vereador Jairinho se defendeu, nesta segunda-feira, das acusações de tortura e morte do enteado Henry Borel. O réu questionou a eficiência das manobras médicas realizadas no hospital particular para salvar o enteado, no dia 8 de março de 2021, e disse que o perito responsável pelo laudo da morte não viu o corpo da criança. 

Ao falar sobre o dia da morte de Henry, Jairinho disse, em sua própria defesa, que o hospital ou o Conselho Tutelar acionaram a polícia caso a criança tivesse chegado à unidade com algum sinal de agressão. O ex-vereador, que se formou em medicina, questionou também a eficiência das massagens cardíacas, segundo ele, realizadas durante duas horas no enteado. Ele ainda sugeriu que a equipe responsável pelo atendimento ao menino não estaria tão preparada. Além disso, relacionou as manobras a lesões apontadas no laudo de necropsia. 

"Eu vou aqui falar que o atendimento foi errado? Não estou aqui para julgar os médicos. Mas [são] 12 mil compressões, e cada uma delas é necessariamente uma ação contundente.  Obviamente, isso aí não precisa ser legista, é matéria básica no currículo de medicina, que lesões causadas por massagens cardiorrespiratórias são comuns e lesionam pulmão, coração, estômago, baço, fígado. Isso está na literatura médica", disse.

O réu também afirmou que o legista, que assinou o laudo e apontou laceração hepática como a causa da morte de Henry, "não viu" o corpo do menino.  "O doutor Tauil  [Leonado, perito] não fez a perícia no corpo do meu enteado. Porque, caso ele tivesse feito, não estaria escrito pulmão contundido, e sim, pulmão colapsado", afirmou.

Preso há mais de um ano, Jairinho afirmou à juíza Elizabeth Machado Louro que está sendo acusado injustamente pelo crime e que nunca encostou em uma criança.

Relação com mãe de Henry

O ex-vereador fez elogios à ex-namorada Monique Medeiros, mãe de Henry e também ré no mesmo processo. Ela foi solta em abril com tornozeleira eletrônica por conta de intimidações na cadeia.

Ao contrário do que afirmou Monique em depoimento, Jairinho negou que fosse abusivo com a então namorada. O réu disse que tanto ele como Monique eram ciumentos. No entanto, admitiu ter pedido à ex-namorada para contratar uma profissional para acompanhar os treinamentos dela na academia.

Sobre o dia da prisão, o réu negou ter jogado telefones celulares para fora da casa, mas disse ter colocado os aparelhos na janela do banheiro por ter ficado nervoso com a ação da polícia.

Atraso e tumulto em audiência

A audiência sobre a morte de Henry Borel começou cerca de duas horas atrasada. O início da sessão foi marcado por desentendimento entre a juíza e os advogados de defesa de Jairinho.

No interrogatório, o réu se negou a responder às perguntas do Ministério Público e do assistente de acusação, que representam Leniel Borel, pai de Henry. Antes da sessão, o ex-vereador demitiu seis advogados da sua equipe de defesa. 


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