Julgamento de Lula: Primeira parte teve críticas a Moro e "terraplanismo"

Julgamento de Lula: Primeira parte teve críticas a Moro e "terraplanismo"

Sessão no TRF4, em Porto Alegre, começou na manhã desta quarta-feira

Mauren Xavier

Sessão no TRF4, em Porto Alegre, começou na manhã desta quarta-feira

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O julgamento da apelação criminal do processo do Sítio de Atibaia, no qual é réu o ex-presidente Lula, pela 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, teve início às 9h desta quarta-feira. Na parte da manhã alguns pontos chamaram a atenção, como a crítica da defesa de Lula ao ministro da Justiça e ex-juiz federal Sérgio Moro e até em relação ao “terraplanismo”.

A sessão foi aberta pelo presidente da turma, Thompson Flores, que informou que as questões preliminares seriam analisadas juntamente com o mérito da apelação. Uma dessas questões é se o processo deveria retornar para primeira instância, em função de mudança na ordem da apresentação das alegações finais.

Por cerca de 40 minutos, o relator do processo, desembargador federal João Pedro Gebran Neto, fez um resumo do seu relatório, que junto com o voto, tinha cerca de 380 páginas. Em seguida, foi a vez da manifestação do representante do Ministério Público Federal (MPF), procurador regional da República Mauricio Gotardo Gerum.

Em 15 minutos, ele fez as suas ponderações. Como parte acusadora no processo, ele apontou que o ex-presidente Lula e a então primeira-dama, Marisa Letícia, que faleceu em 2017, aceitaram vantagens em relação ao sítio de Atibaia, como reformas. “Lula se corrompeu”, afirmou, quase ao final de sua manifestação. “Essa condenação causa uma chaga profunda à democracia”, acrescentou. 

Porém, chamou a atenção o momento em que Gerum comparou o desequilíbrio político, relacionado ao desmonte da imagem do ex-presidente Lula ao movimento de terraplanismo. “O desequilíbrio político que permite que hoje chegue-se ao cúmulo de se dar alguma atenção a terraplanistas ou ainda o que é pior, por ser muito mais nocivo, se reverenciar ditadores e figuras abjetas de torturadores”, disse. 

Defesa de Lula e crítica a Moro 

Após a acusação, teve início às manifestações de advogados defesa. O primeiro a falar foi o advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins, que defendeu que o ex-presidente “não nomeou diretores da Petrobras e não recebeu qualquer espécie de vantagem indevida”. Ao chegar ao tribunal, antes da sessão, ele já havia comentado a expectativa do julgamento. “Nossa expectativa, nossa atuação hoje será voltada principalmente para que todo o processo seja anulado. O nosso pedido principal é para que todo o processo seja anulado, há inúmeros vícios que ao nosso ver devem levar a esse resultado e é isso que vamos defender aqui hoje na sustentação oral”, falou. 

 

Zanin também fez críticas ao ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, que teria conduzido o processo com objetivos políticos e para buscar aplausos.  Questionou ainda a imparcialidade da juíza Gabriela Hardt, que proferiu sentença condenatória do ex-presidente, e cita caso de uma sentença sua recentemente anulada pelo TRF4 por "aproveitar" uma sentença de Sérgio Moro.  

Em seguida, foi a vez de Antonio Claudio Mariz de Oliveira, representante de Roberto Teixeira. Oliveira falou sobre a “demonização” da advocacia e pediu a absolvição do seu cliente. Depois falaram as advogadas Luiza Alexandrina Vasconcelos Oliver, representante de Fernando Bittar; e Carolina Luiza de Lacerda Abreu, representante de José Carlos Costa Marques Bumlai. 

Os demais réus do julgamento de hoje são: Emílio Alves Odebrecht, Carlos Armando Guedes Paschoal, Emyr Diniz Costa Júnior, José Adelmário Pinheiro Filho, chamado de "Léo Pinheiro", Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Paulo Roberto Valente Gordilho e Rogério Aurélio Pimentel. 

Após breve intervalo, o desembargador federal João Pedro Gebran Neto fez um resumo do processo. 


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