Jungmann: sem ressocialização de presos, sistema cria "soldados para facções criminosas"

Jungmann: sem ressocialização de presos, sistema cria "soldados para facções criminosas"

Ministro alertou que crescimento da população carcerária vai causar rombo de bilhões

Agência Brasil

Ministro alertou que crescimento da população carcerária vai causar rombo de bilhões

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O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta terça-feira que se o Estado não investir na ressocialização de presos, oferecendo a quem cumpre pena oportunidades de trabalho e estudo, continuará “simplesmente arregimentando soldados paras as facções criminosas”. Segundo o ministro, cerca de 85% dos apenados não trabalham porque “não há investimentos” públicos para permitir que os presos se ocupem.

“Grande parte do sistema prisional é um depósito de presos”, disse Jungmann, destacando que o trabalho não só tiraria os detentos da ociosidade como lhes permitiria ter uma fonte de renda. “Para a segurança pública, isso seria muito importante pois, tendo alguma renda, o preso ficaria menos dependente das facções criminosas”.

Jungmann também defendeu a importância da aplicação de penas alternativas para punir os crimes de menor potencial ofensivo. Segundo o ministro, a população carcerária brasileira, que ultrapassa 720 mil apenados, vem crescendo cerca de 8% ao ano. Jungmann disse que esse ritmo, se mantido, vai levar a uma situação muito mais insustentável do que já é hoje.

“A responsabilidade da sociedade não acaba quando colocamos alguém para dentro do sistema prisional. Pagaremos um alto custo social se não atentarmos para a necessidade dos presos trabalharem, terem renda e estudarem; para a importância da ressocialização e para o fato de que os que aqui entram um dia voltarão às ruas”, disse Jungmann, sustentando que, devido ao sentimento de vulnerabilidade, a população espera que o Estado prenda mais e mais gente. “O desejo oculto, que não pode ser satisfeito, é a pena de morte. Então, ninguém quer olhar para dentro do sistema prisional, que não é uma prioridade, não dá votos e, evidentemente, fica nas sombras”, avaliou Jungmann ao participar da cerimônia de inauguração da Penitenciária Federal de Brasília – a quinta unidade federal de segurança máxima a funcionar no país.

O ministro explicou que com um crescimento da população carcerária de 8,3% ao ano, em 2025, o país deve ter 1,471 milhão de presos. “Entre novas unidades, manutenção e tudo mais, isso custa alguma coisa entre R$ 60 bilhões e R$ 80 bilhões. Não há como você acomodar isso orçamentária e fisicamente à realidade”, apontou o ministro.

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