Jungmann: sem ressocialização de presos, sistema cria "soldados para facções criminosas"
Ministro alertou que crescimento da população carcerária vai causar rombo de bilhões
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“Grande parte do sistema prisional é um depósito de presos”, disse Jungmann, destacando que o trabalho não só tiraria os detentos da ociosidade como lhes permitiria ter uma fonte de renda. “Para a segurança pública, isso seria muito importante pois, tendo alguma renda, o preso ficaria menos dependente das facções criminosas”.
Jungmann também defendeu a importância da aplicação de penas alternativas para punir os crimes de menor potencial ofensivo. Segundo o ministro, a população carcerária brasileira, que ultrapassa 720 mil apenados, vem crescendo cerca de 8% ao ano. Jungmann disse que esse ritmo, se mantido, vai levar a uma situação muito mais insustentável do que já é hoje.
“A responsabilidade da sociedade não acaba quando colocamos alguém para dentro do sistema prisional. Pagaremos um alto custo social se não atentarmos para a necessidade dos presos trabalharem, terem renda e estudarem; para a importância da ressocialização e para o fato de que os que aqui entram um dia voltarão às ruas”, disse Jungmann, sustentando que, devido ao sentimento de vulnerabilidade, a população espera que o Estado prenda mais e mais gente. “O desejo oculto, que não pode ser satisfeito, é a pena de morte. Então, ninguém quer olhar para dentro do sistema prisional, que não é uma prioridade, não dá votos e, evidentemente, fica nas sombras”, avaliou Jungmann ao participar da cerimônia de inauguração da Penitenciária Federal de Brasília – a quinta unidade federal de segurança máxima a funcionar no país.
O ministro explicou que com um crescimento da população carcerária de 8,3% ao ano, em 2025, o país deve ter 1,471 milhão de presos. “Entre novas unidades, manutenção e tudo mais, isso custa alguma coisa entre R$ 60 bilhões e R$ 80 bilhões. Não há como você acomodar isso orçamentária e fisicamente à realidade”, apontou o ministro.