Justiça analisa pedido de nulidade de julgamento do Caso Bernardo

Justiça analisa pedido de nulidade de julgamento do Caso Bernardo

De acordo com a defesa dos réus, houve violação do direito de permanecer em silêncio e abuso de autoridade por parte dos promotores

Christian Bueller

Julgamento do Caso Bernardo durou cinco dias em Três Passos

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Começou nesta sexta-feira o julgamento virtual dos embargos de réus do caso Bernardo, morto aos 11 anos em 2014, no município de Três Passos, no noroeste gaúcho. Julgados cinco anos depois, Leandro Boldrini, pai do menino, Graciele Ugulini, a madrasta, a assistente social Edelvânia Wirganovicz e seu irmão Evandro foram condenados pelo crime. Entre os embargos da sessão marcada pelo 1º Grupo Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), está a anulação do resultado da sentença.

Segundo a defesa de Boldrini, houve violação do direito de permanecer em silêncio, além de alegar abuso de autoridade por parte de promotores ao fazer afirmações e não perguntas durante o depoimento do pai de Bernardo durante o júri em 2019. Ele foi condenado a 33 anos e oito meses de prisão por homicídio quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Durante o julgamento dos embargos, que deverá ocorrer até o dia 10 de dezembro, a defesa de Graciele Ugulini pedirão a redução da pena, atualmente estabelecida em 34 anos e sete meses de reclusão por homicídio quadruplamente qualificado e ocultação de cadáver. A alegação é de que a madrasta do garoto confessou o crime no tribunal.

Em agosto do ano passado, 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça já havia negado o pedido de anulação do júri pelo assassinato. Mas, como a decisão não foi unânime – dois votos contra e a favor do pedido da defesa de Boldrini -, foi aberta a possibilidade de nova solicitação de embargo. Os outros dois réus não ingressaram com nenhum pedido. Edelvânia foi condenada a 22 anos e dez meses de reclusão por homicídio e ocultação de cadáver. Condenado a 9 anos e seis meses por homicídio simples e ocultação de cadáver, Evandro Wirganovicz, foi preso ainda em 2014, teve liberdade condicional concedida em 2019 por bom comportamento.

Bernardo Uglione Boldrini desapareceu em 4 de abril de 2014, em Três Passos. Seu corpo foi encontrado dez dias depois, dentro de um saco, enterrado às margens do rio Mico, em Frederico Westphalen. Edelvânia, amiga de Graciele, admitiu o crime e apontou o local onde a criança foi enterrada. Para o Ministério Público, Leandro Boldrini foi o mentor intelectual do crime. Ele e a companheira não queriam dividir com Bernardo a herança deixada pela mãe dele, Odilaine, falecida em 2010, e o consideravam um estorvo para o novo núcleo familiar. O casal ofereceu dinheiro para Edelvânia ajudar a executar o crime.

Bernardo, não sabendo do plano, aceitou ir até Frederico Westphalen com a madrasta para ser submetido a uma benzedeira. O menino acabou morto por uma superdosagem de Midazolam, potente sedativo de uso restrito, que o envenenou. Seu corpo foi enterrado em uma cova vertical, aberta por Evandro. Boldrini chegou a fazer um falso registro policial do sumiço do filho.


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