Justiça Federal do Rio homologa delação bilionária de Dario Messer, o "doleiro dos doleiros"

Justiça Federal do Rio homologa delação bilionária de Dario Messer, o "doleiro dos doleiros"

Em troca de provas nas investigações "Câmbio, Desligo", "Marakata" e "Patrón", Messer vai cumprir até 18 anos de prisão


Estadão Conteúdo

A Lava Jato Rio acredita que o acordo possibilitará a coleta de novas provas nas investigações

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A Justiça Federal do Rio de Janeiro homologou nesta quarta, a delação premiada firmada pelo "doleiro dos doleiros" Dario Messer com a Lava Jato Rio e a Polícia Federal . Os termos do acordo foram aprovados pelas 2ª e 7ª Varas Federais Criminais fluminenses.

Messer foi alvo de três desdobramentos da Lava Jato: "Câmbio, Desligo" , que mirou "grandioso esquema" de movimentação de recursos ilícitos no Brasil e no exterior por meio de dólar-cabo, operação que burla mecanismos de fiscalização financeira; "Marakata", contra transações e contrabando de esmeraldas e pedras preciosas; e "Patrón", que investiga organização criminosa que o teria ajudado a fugir das autoridades brasileiras no Paraguai .

A Lava Jato Rio acredita que o acordo possibilitará a coleta de novas provas nas investigações. Em troca, Messer terá que cumprir pena de até 18 anos e nove meses de prisão, com progressão de regime prevista em lei, e terá que devolver R$ 1 bilhão aos cofres públicos.

O valor de renúncia corresponde a cerca de 99% do patrimônio do "doleiro dos doleiros", de acordo com a Procuradoria, e inclui imóveis de alto padrão, valores no Brasil e no exterior, obras de arte e bens adquiridos no Paraguai ligados a atividades agropecuárias e imobiliários. Em relação a esses bens no exterior, o Ministério Público Federal apresentará um pedido de cooperação com as autoridades paraguaias para obter partilha com o Brasil.

Messer está preso desde 2019

Messer foi preso no dia 31 de julho de 2019 , após ficar 14 meses foragido, no endereço vinculado a sua namorada, Myra Athayde, em São Paulo. O doleiro ficou preso em Bangu 8, no Rio, até o início de abril, quando o STJ converteu liminarmente o último dos três mandados de prisão preventiva deferidos pela Justiça Federal fluminense. Na semana passada, a Corte manteve a decisão em julgamento.

Messer também foi denunciado na Operação Patrón, fase mais recente da Câmbio, Desligo, que mirou organização criminosa que o teria ajudado a fugir das autoridades brasileiras e provido refúgio do Paraguai. Além do doleiro,  o ex-presidente do país, Horácio Cartes, foi acusado de repassar US$ 500 mil a Messer .

De acordo com o Ministério Público Federal, após sua saída do cargo no meio de 2018, Cartes manteve "influência no governo e no poder" paraguaio que ajudariam nas atividades da organização criminosa liderada por Messer.

O ex-presidente paraguaio foi alvo de mandado de prisão preventiva que acabou suspenso por decisão liminar do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Rogério Schietti Cruz. Em sua decisão, o ministro afirma que o MPF não especificou quais "atividades" ilícitas teriam sido conduzidas por Cartes, "pecando a decisão por argumentação e narrativa genéricas".

Procurada pela reportagem, a defesa não quis se manifestar devido ao sigilo do processo.


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