Leite diz que falta transparência ao modelo de estrutura de cargos do executivo

Leite diz que falta transparência ao modelo de estrutura de cargos do executivo

Governador minimizou críticas feitas pelo ex-secretário do Desenvolvimento e ressalvou que indicação de novo nome "não é exclusividade do PTB"

Flavia Bemfica

Leite minimizou críticas feitas pelo ex-secretário do Desenvolvimento

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O governador Eduardo Leite (PSDB) disse na manhã desta quinta-feira que o Executivo planeja finalizar nas próximas semanas o projeto que trata da reestruturação em cargos do Executivo. Leite afirmou que a estrutura atual as vezes não permite a remuneração adequada de determinadas funções e a apontou como pouco transparente. “Estamos trabalhando em um projeto que vai reestruturar para que ocorra não apenas remuneração adequada, mas transparência. A estrutura é pouco transparente, na medida em que temos casos em que um cargo pode acumular a remuneração de outro, mais uma gratificação. Queremos uma estrutura adequada para não haver, por exemplo, situações em que há duas pessoas desempenhando funções muito semelhantes, mas com uma ganhando um quinto do que a outra recebe.” O projeto, segundo Leite, envolve uma complexidade de normas e leis que precisam ser revogadas e está a cargo da Secretaria de Planejamento.

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As afirmações do governador foram feitas após questionamento, por parte dos jornalistas, sobre as críticas feitas nessa quarta-feira pelo ex-secretário do Desenvolvimento, Dirceu Franciscon (PTB). Franciscon, eleito deputado estadual, havia sido indicado para o posto por Leite em janeiro e, em fevereiro, tomou posse na Assembleia, como de praxe no início de legislaturas, com o compromisso de voltar à secretaria em seguida e abrir a vaga na Assembleia para o suplente Marcus Vinícius de Almeida, do PP. A engenharia fazia parte de um acordo firmado pelo Executivo com o PTB e o PP e que envolveu também a ida, já consolidada, do deputado federal eleito Covatti Filho (PP) para a Secretaria da Agricultura, abrindo vaga na Câmara dos Deputados para Ronaldo Santini (PTB). O PP e o PTB gaúchos concorreram coligados tanto para a Câmara dos Deputados como para a Assembleia Legislativa.

Mas, passado um mês, Franciscon não apenas não retornou ao comando da pasta, como apresentou 17 projetos no Legislativo. A confirmação de que estavam ocorrendo problemas foi dada pelo suplente Marcus Vinícius, que tornou públicas as dificuldades de entendimento envolvendo a ocupação de cargos no gabinete na Assembleia. Na quarta-feira de Cinzas Franciscon divulgou uma carta na qual informou sua opção de permanecer como deputado. No texto, ele faz críticas a reestruturação administrativa que já aconteceu no início do governo, e se queixa de a pasta deixar de integrar a governança.

Nesta quinta, Leite rebateu. “Não considero que houve críticas. Ele apontou de fato uma vulnerabilidade que o governo do Estado tem, que é na estrutura de cargos, remunerações muito baixas, para conseguir atrair talentos. Mas a solução não é a secretaria estar na governadoria”, enfatizou. 

Dúvida na dança das cadeiras 

Agora, de público, o governo busca uma solução para o impasse, de forma a que o acordo fechado com PTB e PP seja mantido e o PP ocupe a cadeira na Assembleia. De qualquer forma, a parte que envolve Covatti Filho e Santini não terá alteração, segundo integrantes do Executivo. Mas, nos bastidores, há dúvidas sobre a dança das cadeiras no Legislativo estadual, de forma a garantir a vaga ao suplente Marcus Vinícius. Primeiro, porque há dificuldade em encontrar um deputado estadual do PTB com perfil para a pasta do Desenvolvimento. E, segundo, por questões do próprio PP: não só a decisão de Marcus Vinícius de publicizar as dificuldades não foi bem vista por parte dos caciques partidários como ele é vinculado ao grupo do deputado federal Jerônimo Goergen. Internamente as rusgas entre Goergen e o ex-deputado Vilson Covatti, de quem Covatti Filho é herdeiro, são antigas.

Na conversa com os jornalistas no Piratini Leite minimizou a questão e deixou várias possibilidades em aberto. “Contemplar a base na Assembleia Legislativa é premissa para o definição do comando da secretaria, o que naturalmente envolve o PTB, que ocupava a pasta. Isso não quer dizer que a definição seja exclusividade do PTB.” Questionado sobre se a secretaria será ocupada por um deputado estadual do PTB, de forma a cumprir o acordo inicial com o PP, Leite respondeu: “Não necessariamente. O PTB é um partido importante, mas mais uma vez eu friso: não existe secretaria de partido. Vamos ver os nomes que o PTB tem para oferecer, pode ser deputado ou não, e não precisa ser necessariamente filiado ao partido.”

O governador também negou que tenha feito convite ao presidente da Funasa, Ronaldo Nogueira (PTB), para ser secretário do Desenvolvimento no lugar de Franciscon. “Respeito muito o deputado Ronaldo Nogueira, ele tem uma função na Funasa importante, e que atende aos interesses nacionais. É uma função já definida (na Funasa). Nós estamos buscando nossas definições independente desta questão política.”

Sobre o cenário nacional, Leite não quis avaliar qual o impacto das últimas polêmicas nas quais o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se envolveu sobre o encaminhamento da votação da reforma da previdência. “Fui eleito para ser governador, e não analista. Minha função como governador é liderar o nosso Estado e ajudar a articular assuntos de interesse nacional. Evidente que é importante que mantenhamos o foco nas reformas.”


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