Lula diz à PF que não incitou ninguém a invadir triplex do Guarujá

Lula diz à PF que não incitou ninguém a invadir triplex do Guarujá

Defesa afirma que ex-presidente não sabe os motivos da ocupação feita pelo MTST no local

AE

Petista foi condenado a oito anos e dez meses no caso do tríplex do Guarujá

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou depoimento nesta terça-feira à Polícia Federal em Curitiba no âmbito de um inquérito que investiga uma ocupação no triplex do Guarujá (SP). O apartamento é atribuído ao petista, condenado e preso na Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro por reformas no imóvel. O advogado Manoel Caetano Ferreira, que defende o ex-presidente, relatou à saída PF que Lula declarou que "não incitou ninguém a invadir" o tríplex.

Em janeiro do ano passado, ao discursar em São Paulo após ter sua pena aumentada para 12 anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Lula havia negado ser dono do tríplex. "Se eles me condenaram me deem pelo menos o apartamento", disse, na ocasião. "Eu até já pedi para o Guilherme Boulos (líder do MTST) mandar o pessoal dele ocupar aquele apartamento. Já que é meu, ocupem."

Em 16 de abril, nove dias depois de Lula ser preso para cumprir a pena no processo do triplex, integrantes da Frente Povo Sem Medo e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto ocuparam o imóvel por cerca de três horas. Na época, a advogada do MTST Débora Camilo informou que a ocupação era uma forma de manifestação à prisão do ex-presidente - Lula havia sido levado para a cadeia da Lava Jato, em Curitiba, no dia 7 de abril.

Nesta terça-feira, o advogado Manoel Caetano Ferreira declarou que Lula "fez aquela referência (ao triplex) em um discurso que durou mais de meia hora e esse trecho (sobre a ocupação) tem seis segundos". A ocupação está sendo investigada pela PF em São Paulo.

Uma delegada da Superintendência Regional paulista se deslocou nesta terça para Curitiba, onde tomou o depoimento de Lula, que ocupa uma sala especial no prédio da PF na capital paranaense. "Estava em um momento ainda de indignação com a injusta condenação pelo Tribunal Regional Federal e foi uma força de expressão que ele utilizou ao dizer que se o apartamento fosse dele, que o Guilherme Boulos com seu pessoal, poderia ocupar. Ele esclareceu (à PF) que foi uma força de expressão", declarou o defensor, após o depoimento de Lula.

"Ela (delegada da PF) quis saber se ele (Lula) tinha conversado com o Guilherme Boulos depois daquele dia, ele de fato jamais conversou, não conversou com nenhum membro do MTST, e, portanto, ele não incitou a ocupação."

Segundo o advogado, a ocupação foi uma ação do MTST. "O ex-presidente Lula não sabe quais foram os motivos, mas foi uma ação do movimento, que não foi esta a única ocupação como todos nós sabemos", disse. "Não sei se houve exagero ou não (nesta investigação), mas de certa forma a contribuição que ele poderia dar para este inquérito era praticamente nenhuma. Ele só esclareceu o que disse aquele dia na praça e a polícia está fazendo seu papel de investigar uma ocupação que houve." 


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