Mansueto diz não lembrar de Guedes ter feito promessa de zerar déficit em um ano

Mansueto diz não lembrar de Guedes ter feito promessa de zerar déficit em um ano

"Zerar déficit é só ao longo dos anos", disse o secretário do Tesouro Nacional

AE

Mansueto ressaltou que não está nos planos do governo criar novos tributos

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O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, reconheceu nesta segunda-feira, que é difícil o governo conseguir zerar o déficit nas contas públicas ainda este ano e disse não se lembrar da promessa feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de eliminar o rombo ainda em 2019. A proposta consta no plano de governo do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, e o ministro tem falado nessa possibilidade como algo factível desde a transição. "Zerar déficit é só ao longo dos anos", disse Mansueto. "Não me lembro de o ministro ter feito essa promessa. Vou checar isso", afirmou o secretário.

O plano de governo de Bolsonaro diz que, na economia, haveria "atenção especial" ao controle de custos com a folha de pagamento da União. O documento também citou a necessidade de cortar despesas e rever renúncias tributárias. "O déficit público primário precisa ser eliminado já no primeiro ano e convertido em superávit no segundo ano", diz o plano protocolado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O secretário do Tesouro, por sua vez, explicou que nem mesmo o dinheiro do megaleilão de petróleo do pré-sal, programado para este ano, pode ser suficiente para zerar o déficit. Hoje a meta é de um rombo de R$ 139 bilhões, e o governo ainda precisou bloquear quase R$ 30 bilhões em despesas para evitar riscos de violar essa meta.

Em sumário executivo distribuído pelo Tesouro, o governo faz a avaliação de que, sem o leilão, um déficit em 2019 menor que no ano passado (R$ 120,2 bilhões) "já seria um enorme ganho", indicando as dificuldades da equipe econômica em assegurar a redução gradual do rombo nas contas. "O déficit projetado hoje é de R$ 139 bilhões, e a cessão onerosa nos dará R$ 72 bilhões líquidos", alertou o secretário, mostrando que ainda restaria déficit a ser coberto.

Mansueto ressaltou, porém, que não está nos planos do governo a criação de novos tributos. Ele reafirmou que o ajuste precisa ser feito pelo lado da despesa. O secretário disse ainda que o BNDES está "fazendo estudos" para ver quanto é possível devolver ao governo neste ano. A equipe econômica pede R$ 126 bilhões. Esse dinheiro, no entanto, não interfere no déficit porque não se trata de despesa primária, mas ajuda na redução da dívida pública.


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