Marchezan ameniza conflitos com vereadores

Marchezan ameniza conflitos com vereadores

Na Câmara, além de impeachment, CPI está em discussão

Luiz Sérgio Dibe

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O prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) declarou nessa quinta-feira considerar que os recentes movimentos de contestação sobre sua administração ocorridos na Câmara de Vereadores da Capital não refletem o pensamento majoritário dos legisladores municipais. "São questões individuais que estão sendo colocadas equivocadamente sobre o processo coletivo e, em minha visão, não correspondem ao compromisso que a maioria dos vereadores tem com a cidade", apontou o prefeito, ao final da solenidade de entrega da revitalização do Largo dos Açorianos.

Marchezan não se referiu objetivamente ao pedido de impeachment que teve seu encaminhamento para apreciação em plenário iniciado nesta quarta-feira e provocou discussões acaloradas na Casa. "A pauta que pretendo tocar com os vereadores é a dos desafios que a cidade têm de enfrentar, como a continuação das reformas estruturais que já foram iniciadas e tiveram avanços que serão reconhecidos em entregas que a Prefeitura está fazendo e fará nos próximos meses", citou.

Relacionamento com a Câmara

O relacionamento do prefeito com integrantes do Legislativo tem ganhado repercussão desde que o Partido Progressista (PP), que foi um aliado nas eleições, passou a manifestar publicamente sua insatisfação com determinações de Marchezan. Nesta quarta-feira, a presidente da Câmara, vereadora Mônica Leal (PP), deu trâmite a um pedido de impeachment contra o prefeito, conduzindo o debate ao plenário.

A postura de Mônica foi questionada por aliados do prefeito, que a acusam de ter imposto celeridade ao trâmite, motivada por interesse político de desgastar a imagem do prefeito. "Tem gente incomodada com o êxito do prefeito em algumas de suas iniciativas e essas pessoas estão tentando antecipar o debate eleitoral. O encaminhamento do pedido de impeachment é um exemplo disso. Houve pressa demais para um tema delicado", analisou o líder do governo, vereador Mauro Pinheiro (Rede).

A presidente da Câmara de Vereadores, por sua vez, disse estar chocada sobre as críticas dos colegas aliados ao governo. "Estou chocada com o comportamento de alguns vereadores. Sou presidente de um poder representativo da sociedade e não posso simplesmente engavetar um procedimento que é colocado sob minha responsabilidade. Fique surpresa ao perceber que alguns vereadores pareciam mais preocupados em desqualificar o autor da denúncia do que em discutir o teor do que está sendo colocado", desabafou Mônica Leal.

As queixas contra o encaminhamento ocorreram, principalmente, porque o denunciante seria filiado ao PP, partido da presidente da Câmara e de outros personagens integrante da recente rusga com o prefeito. "Conheço o autor da denúncia, mas isso não invalida o conteúdo que está apresentado no pedido. Minha obrigação de dar encaminhamento conforme ordena o regimento foi cumprida", sustentou a presidente da Câmara.

Nessa quinta-feira, durante a sessão em que ocorreram homenagens à comunidade japonesa e aos militares pela passagem do Dia do Soldado, a discussão sobre a admissibilidade do impeachment não teve prosseguimento por falta de quórum. Contudo, o clima de enfrentamento ainda pairava sobre o ambiente. "Quero fazer um defesa em favor da presidente desta Casa, que ontem (quarta) assumiu uma postura correta e foi alvo de agressões injustas", discursou, na tribuna, o vereador Engenheiro Comassetto (PT).

Contudo, nem elogios à conduta de Mônica Leal, ou críticas contra sua atuação, impedirão que o procedimento de discussão sobre o pedido de impeachment tenha prosseguimento. O tema está pautado para compor a próxima sessão da Câmara, na segunda-feira da semana que vem. Apesar dos indicativos de que o ato não deverá ser admitido, outra situação passou a ganhar espaço entre os vereadores de diversas vertentes: a possibilidade de instauração de uma CPI para examinar as denúncias sobre a Prefeitura.

"O documento apresentado tem informações consistentes. Talvez o pedido de impeachment não seja o melhor caminho a ser adotado, mas isso não significa que os fatos não devam ser apurados. Estamos preparando o pedido de abertura de uma CPI para ser apresentado nesta segunda-feira", revelou o vereador Roberto Robaina (PSol). Para abrir uma investigação parlamentar, são necessárias 12 assinaturas e um fato que indique suspeita de irregularidade da administração pública. Robaina disse contar com mais de 12 signatários para dar andamento ao pedido.

Distanciado da oposição ao governo, o vereador Felipe Camozzato (Novo) faz leitura de que o propósito de CPI poderá prosperar. "Há dois elementos na denúncia que parecem importantes e apontam a necessidade de esclarecimentos pelo governo. O pedido de impeachment pode até ter alguma motivação política, mas uma apuração, mais criteriosa pode ser útil neste momento, tanto para o governo dar transparência aos seus atos, quanto para a sociedade obter informações que são de seu interesse", analisou.


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