Marchezan diz que trabalhadores do Imesf tratam usuários do SUS como gado

Marchezan diz que trabalhadores do Imesf tratam usuários do SUS como gado

Declaração foi dada após servidores realizarem protesto e fecharem 67 postos de saúde nesta segunda-feira


Laura Gross e Guilherme Kepler / Rádio Guaíba

Centenas de trabalhadores realizaram manifestação nesta segunda-feira. Protesto ocorreu após anúncio de extinção do Imesf que resultará em demissão de mais de 1,8 mil pessoas

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Durante cerimônia no Paço Municipal nesta segunda-feira, o prefeito Nelson Marchezan Jr. criticou os trabalhadores do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) e disse que os pacientes que utilizam os serviços são usados como massa de manobra pelos profissionais. 

O mandatário afirmou que a Prefeitura “não vai tratar os usuários do SUS como gado, a exemplo (do que vem sendo feito pelos) trabalhadores do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf). E é esse um dos motivos pelos quais queremos tirar a Saúde das mãos dos sindicatos partidarizados”. Com 67 unidades básicas de Saúde fechadas nessa segunda, a declaração foi uma resposta ao protesto realizado em frente à Prefeitura e à Câmara de Vereadores. 

De acordo com Marchezan, o Rio Grande do Sul é um dos estados mais atrasados quando o assunto é a contratualização de serviços na área da Saúde. Como exemplo, o prefeito citou municípios dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e afirmou que o Estado, assim como o Acre e Roraima, ainda não utiliza serviços públicos não estatais. “Em Porto Alegre, temos leitos com entidades filantrópicas que custam R$ 15 mil e temos leitos com entidades estatais que custam R$ 115 mil”.

Sobre o fechamento dos postos de saúde desde o anúncio da extinção do Imesf, Marchezan ressaltou que, se houvesse um processo de contratualização, “isso jamais estaria acontecendo. Hoje, os servidores estão recebendo para trabalhar e estão deixando os ambientes de trabalho abandonados, sem ninguém para atender os pacientes”.

Marchezan disse ainda que os trabalhadores "não estão cumprindo com o juramento profissional" e os comparou a "policiais militares que poderiam usar uma arma para coagir uma autoridade a lhes dar um aumento salarial".

Conforme ele, a prova de que a forma de contrato por meio de concurso público não é a correta está sendo dada pelos próprios servidores do Imesf “que abandonam o trabalho para protestar”.

Atendimento prejudicado

Na manhã dessa segunda, 67 postos de saúde de Porto Alegre estiveram fechados e 18 com atendimento restrito, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). O motivo foi um protesto dos trabalhadores ligados ao Imesf, que participaram de reunião na Câmara Municipal, que discute a extinção do Instituto. A sessão, promovida pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente, começou pouco depois das 10h e contou com a presença do secretário adjunto da Saúde da Capital, Natan Katz.

Sob protestos, o secretário adjunto fez uma apresentação do que a gestão fez no período em relação à Saúde da cidade e as alternativas que serão desenvolvidas para suprir a extinção do Imesf. Assim como o prefeito Nelson Marchezan Jr, Katz garantiu que os novos projetos da prefeitura não deixarão os cidadãos desassistidos. 

Do lado de fora da Câmara de Vereadores, centenas de servidores promoveram um protesto. A manifestação bloqueou a avenida Loureiro da Silva, no sentido centro/bairro. Para acompanhar a sessão, a administração da Câmara disponibilizou 400 senhas. O público que conseguiu ingressar lotou as galerias do plenário Otávio Rocha.


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