MDB busca candidato ao governo para 2022

MDB busca candidato ao governo para 2022

Apesar da aparente fartura de postulantes, legenda enfrenta dificuldades para definir um nome

Flavia Bemfica

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Determinado a ter candidatura própria ao governo do Estado nas eleições de 2022, o MDB gaúcho enfrenta dificuldade em ‘bater o martelo’ sobre a liderança com mais força para enfrentar a corrida. Os nomes do deputado federal e presidente da sigla no RS, Alceu Moreira, e do presidente da Assembleia Legislativa e secretário-geral do partido, Gabriel Souza, continuam “no páreo”. Mas, nos bastidores, as articulações que ambos representavam no sentido de encabeçar uma aliança com o PSDB no Estado, em troca do apoio a uma provável candidatura do governador Eduardo Leite (PSDB) à presidência da República, perderam densidade nas últimas duas semanas, antes mesmo de Leite decidir tratar publicamente de sua sexualidade. Sobre a ação de Leite, para além dos cumprimentos públicos, parte das lideranças emedebistas avalia que ainda é muito cedo para medir qualquer impacto.

Mesmo que o gesto possa render ao tucano os pontos necessários para começar a aparecer nas sondagens nacionais de intenção de voto e, a depender do desempenho, turbinar suas chances de vencer a prévia do PSDB em novembro, líderes do MDB no RS projetam que é preciso aguardar. “Há um oceano daqui até o início de 2022, quando as coisas estarão mais claras, inclusive para os eleitores. É preciso, por exemplo, considerar qual o papel o MDB cumprirá na eleição nacional”, adianta um dos negociadores emedebistas.  

De público, Alceu Moreira não nega a possível candidatura ao governo, mas vem preferindo dar destaque à estruturação de um plano de governo. Souza segue repetindo que será candidato à Câmara Federal. Nos bastidores, preocupa as lideranças emedebistas o tamanho da disposição dos postulantes de trocar eleições certas para o Parlamento por uma incógnita ao Executivo. E o fato de, até o momento, as bases partidárias não terem mostrado um entusiasmo mais expressivo por qualquer dos dois nomes.

A partir dessa constatação, parte delas começou a citar os ex-governadores José Ivo Sartori e Germano Rigotto. E uma ala vem externando abertamente a defesa do nome do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB). “Hoje, é a maior liderança do MDB gaúcho com mandato”, resume uma delas em referência ao prefeito. Melo assegura que não está na disputa. “Sou cumpridor de contrato. E meu contrato é ser prefeito de Porto Alegre. O MDB terá candidato, temos vários nomes, o presidente do partido é um deles. Estamos construindo tanto uma candidatura como uma política de alianças, que hoje ainda não existe. Nosso prazo limite é março. Então, quem apostar em definições muito antes disso, vai perder”, elenca.

Os ex-governadores José Ivo Sartori e Germano Rigotto têm outros planos que não contemplam o Palácio Piratini. Antes que seu nome começasse a ser citado com maior frequência para o governo, Rigotto se antecipou e informou que pretende disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Sartori, que parte do partido tenta colocar como opção ao governo, vem trabalhando nos bastidores para ser o candidato da legenda ao Senado.

Caciques do MDB não só assinalam a preferência que ele tem para ocupar a vaga por parte da militância partidária como utilizam uma frase para resumir a maneira como Sartori se movimenta. “O Gringo é um dos últimos alunos da escola de Pedro Simon: eles sempre vão para onde dizem que não querem ir.” Interlocutores do ex-governador se movimentam no sentido de emplacar também o nome do ex-vice-governador José Paulo Cairoli na suplência da vaga do Senado.

Até há pouco tempo, Sartori vinha se mantendo afastado das discussões públicas. Mas, na semana passada, participou da reunião promovida por Alceu Moreira no comando partidário para tratar de 2022. E, nesta, deverá se encontrar com o ex-prefeito de Gravataí e um dos vice-presidentes do diretório estadual, Marco Alba. Na semana passada, Alba almoçou com Melo que, no mesmo dia, também se reuniu com o 1º vice do MDB, o prefeito de Rio Grande, Fábio Branco. “É óbvio que teremos candidato ao governo. Agora, quem não tiver a benção do Simon, do Sartori, do Rigotto, e do próprio Melo, não vai ser candidato do MDB”, avisa o ex-prefeito.


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