Movimentos se preparam para votação do impeachment

Movimentos se preparam para votação do impeachment

Grupos pró e contra a saída de Dilma anunciam mobilização até domingo

Correio do Povo

Acampamento Sérgio Moro está há quase um mês no Parcão, na Capital

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A dois dias da votação do impeachment da presidente Dilma Roussef, grupos pró e contra o governo montam estratégias de pressão nas redes sociais e acampamentos nas principais capitais do país para acompanhar o processo de votação e discussão, que começa hoje na Câmara dos Deputados, e se encerra no próximo domingo à noite, com o resultado final sobre a aceitação ou não do pedido de afastamento da petista.

Com o slogan “Não Vai Ter Golpe, Vai ter luta! Não ao impeachment e ao ajuste fiscal”, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo organizaram atos unificados, com vigília, nas Capitais, incluindo Porto Alegre. O mesmo está sendo anunciado pelos movimentos pró impeachment — Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua e La Banda Loka Liberal. Esses grupos, contrários à presidente, já se reúnem no Parcão, em Porto Alegre, e programaram para a tarde deste domingo transmissão ao vivo do voto no plenário da Câmara. Será instalado telão no Parcão, a partir das 14h.

Na Praça da Matriz, na Capital, está instalado desde a segunda-feira o acampamento da Legalidade e da Democracia. Integrantes de centrais sindicais e do Movimento Sem Terra realizam atividades políticas e culturais no local — o que deve ocorrer até amanhã. “O acampamento tem um papel motivacional”, afirmou o coordenador do Acampamento da Legalidade e da Democracia, Cedenir de Oliveira.

O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, relata que alguns grupos de manifestantes realizarão também atividades em diferentes pontos da Capital na manhã de domingo. “Nada será como antes, com ou sem impeachment”, alertou Nespolo. “Com impeachment, é terra arrasada”, previu ontem.

No Acampamento Sérgio Moro, que completa quase um mês no Parcão, a expectativa é de que os manifestantes lotem a avenida Goethe, assim como nas últimas manifestações. “Vamos colocar dois telões em lados opostos da passarela. Também teremos um carro de som, onde um apresentador e um cientista político explicarão o ritual da votação à população”, relatou o coordenador do Acampamento, Antonio Gornatti.

O empresário salienta que o evento não se trata de um protesto, mas apenas do acompanhamento da votação. “Inclusive, aconselhamos que as pessoas tragam cadeiras ou cangas para acompanharem a votação”, disse. A previsão é que haja grande mobilização no local no domingo. Porta-voz do MBL, Paula Cassol Lima, acredita que a população irá para as ruas novamente e espera que o evento reúna grande número de porto-alegrenses até o dia da votação.

De hoje até domingo, integrantes das centrais sindicais e do Movimento Sem Terra (MST) prometem também outras mobilizações pelo Estado, envolvendo estradas gaúchas. Segundo divulgou ontem a Frente Brasil Popular em entrevista coletiva, uma Jornada Nacional de Mobilização deverá bloquear, a partir de hoje, várias estradas e realizar paralisações, caminhadas e protestos não só na Capital, mas também em diversas estradas do interior do Estado.

Na manhã de hoje, a partir das 7h30min, uma Marcha da Agricultura Familiar e Camponesa contra o Golpe, sairá da estátua do Laçador, em Porto Alegre, em direção à Praça da Matriz. Mais tarde, o mesmo grupo realizará manifestação, com ato público, das 16h às 19h, na Esquina Democrática.

BM define esquema de policiamento

A Brigada Militar fará uma operação especial junto ao Parcão, onde estão localizados os grupos contra a presidente Dilma Rousseff, e na Praça da Matriz, onde se concentram os grupos contrários ao impeachment. Mas apesar do esquema definido pela Secretaria de Segurança do Estado, não haverá nenhuma equipe a mais para acompanhar as mobilizações. Segundo o comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC), tenente-coronel Mário Ikeda, o policiamento na cidade será normal. “Não vamos permitir que os grupos antagônicos se manifestem no mesmo local. Os movimentos já sabem da orientação”, garantiu Ikeda.

Estabelecimentos como bares e restaurantes não ganharão atenção especial da Polícia Militar. “Não há preocupação extra com este tipo de situação, mas vamos atender a qualquer eventual ocorrência”, argumentou. As definições da operação de domingo, entretanto, quando milhares poderão estar nas ruas, ainda estão sendo discutidas internamente pela BM.



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