''Não classificamos vacina por razões ideológicas e eleitorais'', diz Doria

''Não classificamos vacina por razões ideológicas e eleitorais'', diz Doria

Após cancelamento de reunião com Maia, Doria terá encontro com presidente da Anvisa e audiência com o novo presidente do STF, Luiz Fux

R7

Doria critica decisão presidencial de cancelar compras de Coronavac

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O governador de São Paulo, João Doria, afirmou nesta quarta-feira, em Brasília, que não classifica vacinas por razões partidárias eleitorais. "Nossa guerra é contra o vírus e não na política. Temos que vencer o vírus e vencer o vírus significa apostar na ciência."

"Conforme vocês puderam acompanhar, aceitando o convite do ministro da Saúde, 24 governadores participaram de uma reunião história, acompanhada pelos líderes do governo no Congresso, promoveram essa reunião conciliatória, pacífica e construtiva e com base na ciência e com base na prioridade da saúde da população", afirmou Doria. 

"O Butantan tem respeitabilidade internacional e fez um acordo com o laboratório Sinovac, seguimos o protocolo rigorosamente para a 3ª e última fase de testes. Por circunstâncias que todos sabem essa vacina tem sido a mais avançada. Nossa posição é que a vacina do Butantan é a vacina do Brasil. Não classificamos vacina por razões ideológicas, partidária e eleitorais."

"Temos parlamentares de diferentes posições políticas em apoio ao governador João Doria, em apoio à ciência e à saúde. A vacina é a possibilidade de abraçar novamente", afirmou o senador Randolfe Rodrigues. Ele citou ainda o ministro Pazuello ao dizer que a coronavac "é a vacina de todos os brasileiros". "O que poderia ser motivo de orgulho, pode ser motivo de controvérsia", disse. O senador afirmou que o governador de São Paulo e o Instituto Butantan tem o apoio do Congresso Nacional. 

O senador Randolfe Rodrigues afirmou, pelas redes sociais, que está reunidos com o governador e parlamentares na manhã desta quarta. "A respeito das lamentáveis declarações desta manhã, asseguramos que terá vacina para todos os brasileiros tão logo a Anvisa autorize. A vacina não tem bandeira política ou ideológica!", escreveu. "A vida das pessoas é a prioridade e nós iremos lutar para garantir a distribuição imediata da Coronavac."

O secretário de saúde Jean Gorinchteyn afirmou que o que torna um país desenvolvido é a oportunidade de ter vacinas e campanhas de vacinação. "Essa vacina vai permitir que as pessoas parem de morrer. Esse vírus veio para ficar, sem vacina continuaremos a ver mortes, internações e o comprometimento da economia do nosso país."

Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, afirmou que a vacina está em fase final com 46 milhões de doses produzidas no instituto. "Nós que estamos trabalhando dia e noite esperamos que ela seja receptada pelo Programa Nacional de Vacinação."

A viagem do governador de São Paulo a Brasília ocorre no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro determinou o cancelamento da compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa Coronavac, cujo acordo havia sido anunciado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na última terça-feira. A informação foi confirmada pelo próprio presidente ao R7 Planalto.

Por meio de sua rede social, Bolsonaro comentou o cancelamento da compra da vacina Coronavac. "Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA", escreveu. 

Em uma nova publicação, o presidente continuou: "não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina"

Numa rede social, Bolsonaro disse que "o povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM", em referência à vacina produzida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. O presidente também classificou o antídoto como "vacina chinesa de João Doria".

Bolsonaro não concordou com a decisão do Ministério da Saúde e, por isso, ordenou o recuo nessa compra. Mais cedo, o presidente respondeu a um apoiador, numa rede social, que dizia ter 17 anos de idade e pedia para a compra da vacina não ocorrer, uma vez que a “China é uma ditadura”. Bolsonaro foi categórico na réplica: “NÃO SERÁ COMPRADA”.

Anúncio de compra

O anúncio da compra da vacina chinesa foi feito ontem pelo governo de São Paulo, que informou ter chegado a um acordo com o Ministério da Saúde para a aquisição das doses via SUS (Sistema Único de Saúde). O acordo foi concretizado em uma reunião virtual entre o governador João Doria, o ministro Eduardo Pazuello e outros 23 chefes de estados brasileiros.

“A vacina do Butantan será a vacina brasileira. Com isso, o registro vem pela Anvisa e não pela Anvisa chinesa. E isso nos dá mais segurança e margem de manobra”, disse ontem o ministro da Saúde durante o encontro virtual com os governadores.

Agenda em Brasília

A reunião entre o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foi cancelada quase no horário do encontro em Brasília.  

De acordo com a assessoria do governador, Rodrigo Maia teve uma indisposição e cancelou toda a agenda dele hoje.

A reunião estava marcada para 10h desta quarta-feira e o anúncio da retirada da agenda foi anunciado pela equipe de Doria praticamente no mesmo horário de início.

Doria ainda tem mais duas agendas em Brasília hoje, ambas confirmadas. Às 13h, o governador se encontra com o presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres. O assunto desta reunião é a vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com um laboratório chinês, cuja compra pelo governo federal foi cancelada hoje, conforme anúncio de Bolsonaro.

Doria ainda vai ao STF (Supremo Tribunal Federal) para uma audiência com o novo presidente da Corte, Luiz Fux. Esse encontro está marcado para 18h.


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