Nos 60 anos da Legalidade, ato defende a democracia

Nos 60 anos da Legalidade, ato defende a democracia

Movimento liderado pelo ex-governador Leonel Brizola foi recordado em sessões solenes na Assembleia e na Câmara de Vereadores

Flávia Simões*

Sessão ocorreu no Memorial, prédio que sediava o Parlamento à época

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O aniversário de 60 anos da Campanha da Legalidade foi celebrado nos legislativos estadual e municipal com sessões especiais para homenagear o movimento e o ex-governador do Estado Leonel Brizola, líder do levante. Nesta quarta-feira, a Assembleia Legislativa realizou uma sessão solene para comemorar a data, diretamente do Memorial do Legislativo, prédio que sediava o Parlamento à época. O local foi palco da resistência feita pelos parlamentares gaúchos, que se mantiveram em sessão permanente por 18 dias. 

Ao longo da sessão, os deputados foram à tribuna para reiterar a importância da democracia e relembrar os movimentos que foram responsáveis por atrasar o golpe de Estado e garantir o cumprimento da Constituição. Neta do pedetista, a deputada Juliana Brizola (PDT) prestou homenagens ao avô. “Se Brizola estivesse aqui, estaria profundamente indignado com a situação política do país, reuniria todas suas forças e convocaria todos os trabalhadores e trabalhadoras às ruas, para lutar por direitos e contra um governo que ameaça a Constituição e a democracia”, disse a deputada. “O dia de hoje deveria ser de festa, mas, devido ao momento atual que vivemos, é de resistência”. 

Além das homenagens a Brizola, deputados reforçaram a importância da participação da população na democracia. “Lembramos o Movimento da Legalidade e fazemos um chamamento pela responsabilidade e pela paz”, disse Edegar Pretto (PT). A fala foi corroborada pela deputada Luciana Genro (PSol). “Precisamos fortalecer a luta popular.”

Legalismo foi movimento de união e golpe

A Câmara de Porto Alegre também recordou a data com uma palestra do colunista do Correio do Povo e autor do livro “Vozes da Legalidade”, Juremir Machado da Silva. Durante a sessão, ele destacou a importância das ações comandadas pelo então governador Leonel Brizola, em 25 de agosto de 1961, que levariam à posse de João Goulart, no dia 7 de setembro de 1961. Após a súbita renúncia de Jânio Quadros, Brizola ocupou a Rádio Guaíba e a instalou nos porões do Palácio Piratini, criando a Rede da Legalidade, uma cadeia de 104 emissoras, que serviriam para mobilizar a população e barrar a tentativa de golpe dos ministros de Jânio. 

Em sua manifestação, o jornalista falou ainda sobre como a implementação do parlamentarismo atuou como mobilizador para o golpe. “O Legalismo foi um movimento de união, mas também de golpe dos parlamentaristas.” Além do livro sobre o tema, Juremir é autor de reportagem que traz um compilado de depoimentos dos parlamentares da época, durante os 18 dias de sessão permanente na Assembleia Legislativa, que até agora eram inéditos.

“Tive a honra de conviver com Leonel Brizola e saber de detalhes desse movimento, que foi um ato de organização, mobilização e unidade que levantou o Brasil”, contou o vereador Pedro Ruas (PSol), proponente da solenidade. O vereador se comprometeu a elaborar um projeto de lei para que seja feita uma sessão solene anual, no Legislativo municipal, para homenagear o Movimento da Legalidade na Capital. O ato contou com a presença de vereadores e da deputada federal Fernanda Melchionna (PSol). 

*Supervisão de Mauren Xavier


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