Otan fortalece presença na fronteira com a Rússia em resposta ao desafio de Putin

Otan fortalece presença na fronteira com a Rússia em resposta ao desafio de Putin

Aliança terá adesão da Finlândia e da Suécia e o reforço militar no Mar Báltico

AFP

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A Otan aumentará sua presença nas imediações da Rússia com a adesão Finlândia e Suécia e o reforço militar no Mar Báltico ao final de sua reunião de cúpula desta quarta e quinta-feira em Madri, a primeira desde a invasão da Ucrânia ordenada pelo presidente russo Vladimir Putin. "No momento em que Putin quebrou a paz na Europa e atacou os princípios da ordem baseada em regras, os Estados Unidos e os aliados pretendem fortalecer sua posição", declarou o presidente americano, Joe Biden, ao anunciar o reforço da presença militar do país na Europa.

Isto significa o aumento de tropas na Espanha, Polônia, Romênia, nos Estados bálticos, no Reino Unido, Alemanha e Itália. "Se Putin esperava ter menos Otan no flanco leste como resultado de sua invasão ilegal e injustificável da Ucrânia, estava totalmente equivocado: terá mais Otan", disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

A Rússia respondeu aos anúncios com críticas ao que chamou de "agressividade" da Otan. O vice-ministro das Relações Exteriores, Serguei Ryabkov, chamou a ampliação da Aliança Atlântica para Finlândia e Suécia de "profundamente desestabilizadora". O presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky, discursou por videoconferência na reunião de cúpula de chefes de Estado e de Governo da Aliança e pediu mais ajuda.

"Precisamos de sistemas muito mais modernos, artilharia moderna", afirmou Zelensky, antes de acrescentar que o apoio econômico "não é menos importante que a ajuda em armas". "A Rússia continua recebendo bilhões a cada dia e os gasta na guerra. Nós temos um déficit bilionário. não temos petróleo nem gasolina para cobrir", afirmou Zelensky. Ele disse que a Ucrânia precisa de 5 bilhões de dólares por mês para sua defesa.

A incorporação da Finlândia, e seus 1.300 km de fronteira terrestre com a Rússia, fará com que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) mais do que dobre seus limites territoriais com este país. Desta maneira, a Rússia terá fronteira com seis integrantes da Aliança: Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia - os dois últimos pelo enclave de Kaliningrado - e Noruega.

A adesão de Finlândia e Suécia foi possível porque a Turquia retirou seu veto em troca do fim da proteção a independentistas curdos, que são considerados terroristas por Ancara. Nesta quarta-feira, um dia depois da assinatura de um memorando pelos três países, Ancara pediu a extradição de 33 pessoas.

Reunião "transformadora"

O secretário-geral da Otan, o norueguês Jens Stoltenberg, declarou que a reunião de cúpula em Madri será "histórica e transformadora", marcada pelo desafio russo. "Nos reunimos em meio à crise de segurança mais séria que enfrentamos desde a Segunda Guerra Mundial", afirmou Stoltenberg.

A Aliança criada em 1949 iniciará a maior reforma de sua capacidade de defesa e dissuasão desde o fim da Guerra Fria, fortalecendo suas tropas na região leste da Europa e aumentando consideravelmente suas tropas de alta disponibilidade nas imediações da Rússia. Os membros da Otan, que já enviaram bilhões de dólares em ajuda a Kiev, devem anunciar em Madri um "programa de assistência completo para a Ucrânia para ajudar o país a fazer valer seu direito à legítima defesa", prometeu Stoltenberg.

A Noruega anunciou nesta quarta-feira o envio de três baterias de lança-foguetes de longo alcance MLRS. Na terça-feira, os ministros da Defesa da Holanda e da Alemanha anunciaram a entrega de seis obuses adicionais. Além disso, a organização voltará o olhar pela primeira vez ao desafio provocado pela força da China, na atualização de seu Conceito Estratégico, seu manual de ação e prioridades.

"A China não é uma adversária", afirmou Stoltenberg. "Mas, claro, temos que levar em consideração as consequências para nossa segurança quando vemos que a China investe muito em poder militar moderno, mísseis de longo alcance ou armas nucleares, e também tenta controlar infraestruturas estratégicas, como por exemplo o 5G", disse, a respeito da rede de telefonia de última geração.

John Kirby, conselheiro de Segurança Nacional do governo americano, recordou que "o Conceito Estratégico não é atualizado desde 2010 e mundo era muito diferente na época". Reflexo da evolução da Otan, Coreia do Sul e Japão participam pela primeira vez de uma reunião da organização.


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