"Parabéns para a Polícia Federal", diz Bolsonaro sobre operação contra Witzel

"Parabéns para a Polícia Federal", diz Bolsonaro sobre operação contra Witzel

Investigação da PF apura fraudes na contratação da organização social Iabas para a montagem de hospitais de campanha

AE

Bolsonaro parabenizou a PF pela ação que busca provas de um possível esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha

publicidade

O presidente Jair Bolsonaro parabenizou nesta terça-feira a Polícia Federal (PF) pelas buscas realizadas pela manhã no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), adversário político do presidente. "Parabéns para Polícia Federal", respondeu Bolsonaro, com um sorriso no rosto, quando questionado por um apoiador sobre a operação.

"A coisa está preta lá no Rio", disse o apoiador. O presidente, então, aponta para a máscara preta que estava usando e disse que tinha sido informado há pouco sobre a operação. A ação foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e mira um suposto esquema de desvios de recursos públicos destinados ao combate ao coronavírus.

Segundo investigadores, a PF também busca provas em outros três endereços: no Palácio da Guanabara, onde o chefe do Executivo fluminense despacha; em sua antiga casa, usada antes de se eleger; e em um escritório da mulher dele.

A operação, batizada de Placebo, busca provas de um possível esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e "servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do Estado do Rio de Janeiro", diz a PF. Witzel é desafeto de Bolsonaro, que recentemente mudou a cúpula da Polícia Federal, gesto que motivou a saída do então ministro da Justiça, Sérgio Moro, do governo.

A ação desta terça-feira foi deflagrada um dia após ser nomeado o novo superintendente da corporação no Rio, Tácio Muzzi. A representação da PF no Estado está no centro de uma investigação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que apura se o presidente busca interferir politicamente em investigações da corporação.

A investigação da PF no Rio apura fraudes na contratação da organização social Iabas para a montagem de hospitais de campanha. O inquérito contra Witzel foi aberto a partir de um depoimento de Gabriell Neves, ex-subsecretário de Saúde preso sob suspeita de fraudes na compra de respiradores.

Neves mencionou o nome do governador ao Ministério Público do Rio de Janeiro. Estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e São Paulo.

A operação se baseia em apurações iniciadas no Rio de Janeiro pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal. Os dados obtidos foram compartilhados com a Procuradoria-Geral da República, que conduz a investigação perante o STJ.

Na semana passada, perguntado em entrevista à youtuber Bárbara Destefani sobre uma possível “covidão”, Bolsonaro disse: "já começou a estourar acusações da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Dando minha opinião, porque eu nunca procurei saber inquéritos na Polícia Federal. Acho que tem metástase: vai pegar um Estado vizinho e mais gente pelo Brasil, tá? É isso que está parecendo."


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895