"Partido do tamanho do PT tem que ter candidatos próprios", diz Lula sobre 2020

"Partido do tamanho do PT tem que ter candidatos próprios", diz Lula sobre 2020

Petista disse que a sigla pode apoiar candidatos "progressistas, de esquerda", em eventuais situações de segundo turno

AE

Presidente disse que PT deveria ter contestado mais a eleição de Bolsonaro

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira que o Partido dos Trabalhadores (PT) não abra mão de candidaturas próprias nas eleições municipais de 2020 quando puder tê-las de forma competitiva. Citando São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, afirmou que "um partido do tamanho do PT tem que ter candidatos próprios". Ele comentou que a sigla não pode prescindir de ter candidaturas próprias nessas cidades e citou o nome de Benedita da Silva como possível indicação no Rio de Janeiro.  

As declarações foram feitas em uma entrevista ao canal do YouTube do blog Nocaute. O petista disse, porém, que o PT pode apoiar candidatos "progressistas, de esquerda", em eventuais situações de segundo turno nas quais o partido fique de fora. Ele contou ainda que "gosta" de Manuela d'Ávila (PCdoB-RS) e de Marcelo Freixo (PSOL-RJ), potenciais candidatos às prefeituras das capitais gaúcha e carioca, respectivamente.

Lula garantiu respeitar "o resultado das urnas" em relação às eleições presidenciais de 2018, mas fez uma ressalva: "acho que o PT devia ter brigado mais". "Sou um cara que já perdeu muitas eleições, e quando eu perco, respeito o resultado. Mas acho que o PT deveria ter protestado mais na vitória do Bolsonaro, que foi ilícita, foi um roubo aquela indústria das fake news", afirmou o ex-presidente, que está solto desde 8 de novembro, depois de cumprir ficar preso por 580 dias na sede da Polícia Federal em Curitiba

Críticas a Moro e Dallagnol

Segundo o ex-mandatário da República, cabe a Bolsonaro governar, já que "ele não cometeu crime de responsabilidade ainda provado". "Mas não me peçam paciência. Quero recuperar o respeito que eu ganhei na sociedade brasileira durante a minha vida", alertou, se referindo também ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, e ao coordenador da Lava Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol, quem chamou de "moleque irresponsável e desaforado".

Nesse sentido, revelou que seu maior desejo é que os processos aos quais responde sejam anulados pela Justiça, e chamou Moro de "juiz de má-fé" e "mal-caráter". Lula disse esperar que "ele seja punido em defesa da Constituição" caso seja comprovado "que ele fez sacanagem" e foi além: que "seja punido pelas instituições que eu ajudei a criar".

O petista espera "juízo" e "grandeza" por parte do Congresso Nacional no que se refere ao cumprimento de pena após o trânsito em julgado. Ele argumentou que a pressão por uma alteração na Constituição que permitiria a prisão em segunda instância vem das elites do País, que segundo ele veem na Carta Magna um empecilho. "A Constituição não pode ser rasgada e jogada fora toda hora", criticou.

"Direita aprendeu a usar as redes sociais mais que nós"

O ex-presidente avaliou que o PT ainda tem que aprender a utilizar as redes sociais, e que o partido tem perdido esta disputa para a direita brasileira. "O PT tem clareza de que a direita tem um papel e que aprendeu a utilizar as redes sociais melhor do que nós", comentou, falando que há necessidade de combate a "mentiras disseminadas nas redes". Segundo ele, a direita teve nas eleições de 2018 "mais recursos" investidos em redes sociais, com "empresário financiando. E isso vai continuar", previu.

De acordo com Lula, a ascensão de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos em 2016 foi um marco importante para o uso político da internet. "Eu jamais esperei que o Trump fosse eleito. Uma parte da humanidade foi transformada em algoritmo. Não é você que utiliza a internet, é ela quem te usa", disse. Para Lula, o "PT ainda está engatinhando quando deveria ter redes imbatíveis", considerando que o partido tem mais de dois milhões de filiados. "Não temos nem o 'zap' dessa gente. Isso hoje é uma preocupação do partido", explicou. 

 

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