Pazuello passa mal e depoimento à CPI será retomado nesta quinta

Pazuello passa mal e depoimento à CPI será retomado nesta quinta

Depoimento do ex-ministro, nesta quarta-feira, foi marcado por bate-bocas e acusações de mentiras sobre a pandemia

Correio do Povo, R7 e AE

Depoimento do ex-ministro, nesta quarta-feira, foi marcado por bate-bocas e acusações de mentiras sobre a pandemia

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O depoimento do ex-ministro da Saúde e general Eduardo Pazuello na CPI da Covid precisou ser adiado, no final da tarde desta quarta-feira, após o depoente ter passado mal e ser socorrido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico. A sessão no Senado durou mais de seis horas e foi marcada por suspensões e discussões acaloradas entre Pazuello e os parlamentares presentes. O ex-ministro chegou a ser acusado de estar mentindo diversas vezes sobre ações da pasta ligadas à pandemia, sobretudo ao colapso de saúde em Manaus. Pazuello foi a oitava testemunha a depor na Comissão.

Os trabalhos serão retomados nesta quinta-feira, às 9h30min, conforme anunciou o senador Omar Aziz em seu Twitter. Na publicação, ele justificou a interrupção em razão dos trabalhos no plenário do Senado, que iniciaram à tarde.

Em meio às suspensões da sessão, em decorrência de demais atividades parlamentares e intervalos previstos, o vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou um requerimento para quebra dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático do ex-ministro.

Em justificativa às suas condutas no período em que esteve frente à pasta, Pazuello disse que tinha total autonomia das ações durante a pandemia, alegando que o presidente Jair Bolsonaro jamais o obrigou a tomar decisões. Na mesma linha, ele afirmou que Bolsonaro jamais o forçou a cancelar qualquer compra de vacinas do Instituto Butantan ou pediu para ele não dar andamento a essas aquisições.

Colapso no Amazonas

Ao colocar que teria se antecipado aos fatos relacionados ao colapso no estado de Amazonas e, ainda, que desabastecimento de oxigênio durou apenas três dias, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello provocou revoltas entre senadores presentes na CPI da Covid.

"Mesmo antes de conhecermos a profundidade plena dos fatos decidi deslocar imediatamente o gabinete do ministro juntamente com todos os secretários nacionais de Saúde para Manaus para prestarmos todo o apoio possível ao governo do Estado e ao município", disse o ex-ministro. Ele ainda disse à CPI que ficou com medo de estar "fazendo demais". "Alguém pega seis secretários de saúde e embarca num avião para Manaus. Fiquei com medo de estar prevaricando, fazendo demais, não sabia nem o que eu ia encontrar em Manaus. E no dia 10 foi a primeira vez que secretário colocou de forma clara que havia problemas na logística e fornecimento de oxigênio para Manaus", disse Pazuello.

O clima na CPI esquentou ainda mais entre o ex-ministro e o senador Eduardo Braga, depois de Pazuello afirmar que foram apenas três dias de desabastecimento de oxigênio no Amazonas. "Em quatro ou cinco dias, já estávamos com nível de estoque restabelecidos. Tivemos três dias onde aconteceram as maiores dificuldades", afirmou.

Braga então rebateu ao ex-ministro dizendo que a crise de desabastecimento durou 20 dias, e não três. "Não faltou oxigênio no Amazonas em apenas três dias. Faltou oxigênio por mais de 20 dias. É só ver o número de mortos, é só ver o desespero das pessoas. Não é possível", afirmou o senador.

Adiamento e habeas corpus

O ex-ministro seria ouvido no dia 5 de maio, mas o Comando do Exército informou à CPI que o ex-ministro estava em quarentena após ter tido contato com duas pessoas diagnosticadas com Covid-19.

Apesar do habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Pazuello não poderá deixar de responder, de acordo com o STF, sobre fatos relacionados a terceiros, como o presidente Jair Bolsonaro.


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