PF faz varredura de celular de Moro e localiza conversas com Bolsonaro

PF faz varredura de celular de Moro e localiza conversas com Bolsonaro

Apuração foi realizada durante depoimento do ex-ministro à Polícia Federal

Estadão Conteúdo

Depoimento ocorreu durante oito horas em Curitiba

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Uma varredura completa foi realizada no celular do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. O monitoramento localizou áudios de conversas do ex-ministro com o presidente, Jair Bolsonaro. Os peritos também copiaram mensagens trocadas por Moro com a deputada Carla Zambelli. Algumas delas também haviam sido deletadas para liberar espaço de armazenamento, mas permanecem na memória do aparelho. O próximo passo é a elaboração de um laudo no Instituto Nacional de Criminalística sobre as conversas e os áudios.

Durante o depoimento, Moro citou nomes de ministros para reforçar suas acusações contra Bolsonaro, sem implicá-los em situação ilegal. Os ministros estavam presentes em reuniões do ex-juiz com o presidente e foram mencionados apenas como eventuais testemunhas de falas ditas por Bolsonaro nos encontros. Moro desmentiu acusações de apoiadores e militantes bolsonaristas de que gravou o presidente por mais de um ano. Perante a Polícia Federal, disse que isso é "absolutamente mentira" e que jamais gravou diálogos com Bolsonaro.

Uma das conversas obtidas pela perícia foi a divulgada por Sérgio Moro na qual Bolsonaro o encaminha uma notícia sobre inquérito do Supremo Tribunal Federal mirar aliados políticos do Planalto . “Mais um motivo para a troca”, disse o presidente. O ex-juiz também exibiu conversa com Zambelli, em que ela pede para Moro aceitar uma vaga do STF em troca da mudança na chefia da PF. “Vá em setembro para o STF. Eu me comprometo a ajudar. A fazer o JB (Jair Bolsonaro) prometer”. Moro respondeu que "não estava a venda".

Ao anunciar sua demissão, Moro acusou Bolsonaro de buscar "uma pessoa do contato pessoal" para "colher informações" como relatórios de inteligência da PF. “O presidente me disse que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse colher informações, relatórios de inteligência, seja diretor, superintendente, e realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações têm de ser preservadas. Imagina se na Lava Jato, um ministro ou então a presidente Dilma ou o ex-presidente (Lula) ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações”, disse Moro, ao comentar as pressões de Bolsonaro para a troca no comando da PF.

No mesmo dia que Moro pediu demissão, Bolsonaro realizou pronunciamento para rebater as acusações do ex-ministro. “Oras bolas, se eu posso trocar o ministro por que eu não posso trocar o diretor da PF? Eu posso trocar qualquer um”, afirmou.
 


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