Polícia indicia por extorsão jovem que acusou Feliciano
Defesa pediu cinco dias para Patrícia Lelis fazer um aditamento de seu depoimento
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Diante do indiciamento, a defesa pediu cinco dias para Patrícia fazer um aditamento do depoimento que prestou no último dia 5. Na ocasião, a jovem afirmou à polícia que estava sendo mantida sob coação e ameaça pelo chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, na semana em que esteve em São Paulo - entre os dias 30 de junho e 5 de agosto - porque pretendia denunciar Feliciano.
No depoimento, Patrícia disse que Bauer, armado, a obrigou a gravar e publicar dois vídeos em que ela negava as acusações contra o deputado. Ainda segundo seu depoimento, Feliciano também lhe fez uma ameaça direta de morte. "Tendo Bauer passado o telefone dele para a declarante, através do qual, Marco Feliciano disse que se a declarante não gravasse um novo vídeo de melhor qualidade, mandaria Bauer lhe matar", consta no depoimento.
Ela afirmou ainda que o assessor parlamentar a obrigou a informar a senha de suas redes sociais, por onde passou a monitorá-la e se passar por ela, respondendo questionamentos de amigos que perguntavam por sua integridade física.
Vídeo
Logo após o depoimento de Patrícia, Hellmeister chegou a cogitar a prisão temporária de Bauer, mas voltou atrás quando passou a ouvir novas testemunhas e obter provas que descaracterizavam a situação de sequestro. Entre as elas está um vídeo em que Patrícia e o assessor de Feliciano aparecem negociando o pagamento de R$ 50 mil pelo silêncio da jovem.
O delegado ouviu nesta quinta duas novas testemunhas, entre elas o ex-namorado de Patrícia, Rodrigo Simonsen. Ele afirmou à polícia que entre os dias 30 de julho e 5 de agosto, dormiu quatro noites com ela em um hotel no centro de São Paulo. "Ele disse que nestes quatro dias não encontrou Bauer", disse Hellmeister.
A segunda testemunha ouvida nesta quinta foi a ativista Kelly Bolsonaro, que relatou à polícia ter sido ela quem apresentou Feliciano a Patrícia no início de junho. Kelly, que afirma não ter grau de parentesco com os deputados Jair e Eduardo Bolsonaro, afirmou que Patrícia lhe contou a acusação contra Feliciano antes da fazer a denúncia à policia. A ativista disse que ouviu da estudante várias versões sobre a suposta tentativa de estupro.
Nesta quinta, o advogado José Carlos Carvalho, que até então defendia Patrícia, informou à reportagem que deixou o caso. Nem os novos advogados da jovem nem ela mesma foram localizados hoje. A mãe dela, Maria Aparecida, disse que a filha "está triste e não queria falar".
Feliciano e seu chefe de gabinete também não foram localizados na noite desta quinta pela reportagem. Após a denúncia, o parlamentar se manifestou sobre o assunto em um vídeo publicado na internet. Na gravação, ao lado de sua esposa, ele negou as acusações e se colocou à disposição da Justiça para provar sua inocência. "Embora espere que ela seja penalizada pela falsa comunicação do crime, eu perdoo ela", disse no vídeo.