Polícia indicia por extorsão jovem que acusou Feliciano

Polícia indicia por extorsão jovem que acusou Feliciano

Defesa pediu cinco dias para Patrícia Lelis fazer um aditamento de seu depoimento

AE

Deputado foi acusado de tentativa de estupro e agressão por estudante

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A Polícia Civil de São Paulo indiciou nesta quinta-feira, a estudante de jornalismo Patrícia Lelis, de 22 anos, por denunciação caluniosa e extorsão no caso em que ela acusa um assessor do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) de sequestro e cárcere privado. Em outro inquérito que corre em Brasília porque o parlamentar possui foro privilegiado, Patrícia acusa Feliciano de tentativa de estupro e agressão. "Ao término do inquérito, que já está no segundo volume, vou pedir a prisão preventiva dela", disse à reportagem o delegado titular da 3.ª Delegacia de Polícia, Luís Roberto Hellmeister, responsável pela investigação na capital paulista.

Diante do indiciamento, a defesa pediu cinco dias para Patrícia fazer um aditamento do depoimento que prestou no último dia 5. Na ocasião, a jovem afirmou à polícia que estava sendo mantida sob coação e ameaça pelo chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, na semana em que esteve em São Paulo - entre os dias 30 de junho e 5 de agosto - porque pretendia denunciar Feliciano.

No depoimento, Patrícia disse que Bauer, armado, a obrigou a gravar e publicar dois vídeos em que ela negava as acusações contra o deputado. Ainda segundo seu depoimento, Feliciano também lhe fez uma ameaça direta de morte. "Tendo Bauer passado o telefone dele para a declarante, através do qual, Marco Feliciano disse que se a declarante não gravasse um novo vídeo de melhor qualidade, mandaria Bauer lhe matar", consta no depoimento.

Ela afirmou ainda que o assessor parlamentar a obrigou a informar a senha de suas redes sociais, por onde passou a monitorá-la e se passar por ela, respondendo questionamentos de amigos que perguntavam por sua integridade física.

Vídeo

Logo após o depoimento de Patrícia, Hellmeister chegou a cogitar a prisão temporária de Bauer, mas voltou atrás quando passou a ouvir novas testemunhas e obter provas que descaracterizavam a situação de sequestro. Entre as elas está um vídeo em que Patrícia e o assessor de Feliciano aparecem negociando o pagamento de R$ 50 mil pelo silêncio da jovem.

O delegado ouviu nesta quinta duas novas testemunhas, entre elas o ex-namorado de Patrícia, Rodrigo Simonsen. Ele afirmou à polícia que entre os dias 30 de julho e 5 de agosto, dormiu quatro noites com ela em um hotel no centro de São Paulo. "Ele disse que nestes quatro dias não encontrou Bauer", disse Hellmeister.

A segunda testemunha ouvida nesta quinta foi a ativista Kelly Bolsonaro, que relatou à polícia ter sido ela quem apresentou Feliciano a Patrícia no início de junho. Kelly, que afirma não ter grau de parentesco com os deputados Jair e Eduardo Bolsonaro, afirmou que Patrícia lhe contou a acusação contra Feliciano antes da fazer a denúncia à policia. A ativista disse que ouviu da estudante várias versões sobre a suposta tentativa de estupro.

Nesta quinta, o advogado José Carlos Carvalho, que até então defendia Patrícia, informou à reportagem que deixou o caso. Nem os novos advogados da jovem nem ela mesma foram localizados hoje. A mãe dela, Maria Aparecida, disse que a filha "está triste e não queria falar".

Feliciano e seu chefe de gabinete também não foram localizados na noite desta quinta pela reportagem. Após a denúncia, o parlamentar se manifestou sobre o assunto em um vídeo publicado na internet. Na gravação, ao lado de sua esposa, ele negou as acusações e se colocou à disposição da Justiça para provar sua inocência. "Embora espere que ela seja penalizada pela falsa comunicação do crime, eu perdoo ela", disse no vídeo.

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