PP define até quinta futuro em Porto Alegre

PP define até quinta futuro em Porto Alegre

Fragilidade financeira atrapalha pré-candidatura de Gustavo Paim e gera assédio de PTB e MDB

Flavia Bemfica

Gustavo Paim fez críticas a Marchezan após demissões em seu gabinete

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O PP gaúcho vai definir até o final desta quinta-feira se mantém a candidatura do vice-prefeito Gustavo Paim à prefeitura de Porto Alegre ou se abre tratativas com outra sigla para formar uma composição sem ocupar a cabeça de chapa. O prazo foi detalhado pelo presidente estadual do PP, Celso Bernardi, na manhã desta quarta. O PP tenta garantir que o diretório nacional repasse entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões para a campanha própria da majoritária na Capital gaúcha, de forma a que ela tenha como acontecer. “Com valores desta ordem conseguimos viabilizar a campanha, mesmo que ela seja enxuta, modesta”, explicou o dirigente.

Bernardi relatou que na conversa mantida ontem, o presidente do diretório nacional, o senador Ciro Nogueira (PI), prometeu “tratar o assunto com muito carinho”. O presidente gaúcho voltará a falar com o senador entre a noite desta quarta e a manhã de quinta, e o resultado da conversa define a posição do partido em Porto Alegre. A convenção da sigla na Capital ocorrerá no sábado, 12.

Também na manhã desta quarta, Paim disse estar convicto da manutenção de sua candidatura em Porto Alegre, destacou que ela representa um campo do eleitorado “muito bem identificado e claro” e não escondeu a ansiedade com os encaminhamentos das próximas horas. Mas ressalvou que não pretende entrar em uma campanha da qual saia arruinado financeiramente. “Eu acho que ainda posso contribuir. Mas não vou fazer desta eleição o jogo da minha vida. Se entenderem que esta não é a hora, me afasto. O que tenho visto de ontem para hoje, contudo, é que se avançou nesta questão de viabilizar financeiramente a campanha, então estou confiante.”

Por enquanto, o PP atraiu o PRTB e o Avante para a aliança que pretende encabeçar. Seus movimentos são acompanhados em tempo real por dois outros concorrentes ao Paço Municipal: o ex-prefeito José Fortunati, pré-candidato do PTB; e o deputado estadual Sebastião Melo, pré-candidato do MDB. Ambos fazem ofertas tentadoras ao PP, na tentativa de conseguir que o partido desista da candidatura própria e integre suas coalizões.

Disputa paralela

Acabou se transformando em uma disputa antecipada, e paralela, a corrida entre os ex-companheiros na administração municipal José Fortunati (PTB) e Sebastião Melo (MDB). Desde o início das tratativas para a corrida em Porto Alegre, MDB e PTB participavam de um grupo que incluía também o DEM e o PP, e que tinha por objetivo formar uma ampla frente de centro-direita para se colocar como alternativa à tentativa de reeleição do prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB).

Mas também desde o início das tratativas, os dois partidos mantinham contatos paralelos com o DEM, na tentativa de atrair o partido para sua própria chapa, sem ‘esperar’ pelos demais. Inicialmente, o DEM municipal se aproximou de Fortunati e o acordo se encaminhava. Mas, após uma articulação que envolveu o diretório estadual, o MDB levou a melhor e o DEM ficou com a indicação do vice na chapa de Melo, que tem ainda apoio do Cidadania, do Solidariedade e da Democracia Cristã.

Após a definição do DEM, os núcleos de pré-campanha do ex-prefeito e do ex-vice-prefeito seguiram travando batalhas sucessivas na busca por aliados na corrida. Após o revés com o DEM, Fortunati conseguiu os apoios do Podemos e do Patriota, anunciados na terça-feira após o feriado. Agora MDB e PTB fazem uma ofensiva aberta sobre o PP. Reservadamente, avançam também sobre PSL e PL (que anunciaram apoio à Marchezan). E ainda não desistiram do PSD, que tem o vereador Valter Nagelstein como pré-candidato ao Paço.

Interlocutores de Fortunati e de Melo admitem que conversam quase que diariamente ou com Paim ou com dirigentes do PP, sempre “respeitosamente”. O PTB considera que leva alguma vantagem: ainda tem aberta a indicação do vice na chapa, que ofereceu ao PP. Fortunati também se comprometeu a não disputar a reeleição em 2024, deixando o caminho aberto para o partido do vice. E conta com o desgaste decorrente do movimento do vereador Ricardo Gomes (pré-candidato a vice de Melo), que trocou o PP pelo DEM.

Como toda disputa, para além dos contatos oficiais, nos bastidores se multiplicam as estratégias para desqualificar o oponente. O MDB tem insistido, desde as negociações com o DEM, em apontar como incompatível o apoio de siglas de direita, como o PP, a um ex-petista. No caso, Fortunati. A argumentação ‘colou’ em parte do DEM e de outros partidos, como o PSL. Mesmo que o hoje petebista tenha deixado o PT em 2001 e passado por PDT e PSB antes de desembarcar no PTB. Que o PT tenha feito oposição às suas duas gestões em Porto Alegre. E que, e 2012, a aliança que garantiu sua chegada ao Paço incluísse MDB, DEM e PP, entre outros.

Na narrativa do PTB, por sua vez, parte dos emedebistas, mesmo que as vezes à revelia de Melo, estaria adotando uma postura de ‘vale-tudo’ desde o começo das tratativas na Capital: estariam envolvidos da articulação do processo de impeachment de Marchezan ao esvaziamento das articulações de Paim para viabilizar politicamente a candidatura. E teriam feito ao DEM uma promessa que não pretenderiam cumprir: o apoio a uma eventual candidatura do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, ao governo do Estado em 2022.

 


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