Prefeitos querem mais tempo para discutir privatização da Corsan

Prefeitos querem mais tempo para discutir privatização da Corsan

Manifestação foi feita também por deputados que participaram de audiência na AL sobre os projetos

Mauren Xavier

O assunto foi discutido durante a audiência pública na Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa

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Prefeitos, especialistas e gestores indicaram a necessidade de mais tempo para a discussão dos projetos do governo do Estado que tratam da privatização da Corsan e da regionalização do saneamento básico. A manifestação foi feita, na manhã desta segunda-feira, durante audiência pública, uma de várias previstas, na Assembleia. No Legislativo, os projetos da Corsan e um de regionalização (UBRS Central) deverão ser votados até o final do mês, pois tramitam em regime de urgência. 

No encontro, a Famurs, o Ministério Público e o Tribunal de Contas, assim como os deputados participantes da audiência pública, foram unânimes em alertar que a urgência na votação é incompatível com a complexidade do tema e, em especial, a repercussão de aspectos jurídicos que poderão resultar em ações contra os prefeitos. 

Autor da audiência, o deputado Tiago Simon (MDB) lamentou a ausência do governo no debate e revelou desconforto da bancada do MDB com o “atropelamento” do tema pelo governo. Simon observou que faltam informações técnicas para sustentar o projeto de regionalização, que cria um bloco de 307 municípios que perdem as prerrogativas atuais sobre o saneamento. “Estamos vendo um modelo de definição da política de saneamento até 2060 que não atende os interesses dos usuários, dos municípios e das regiões mas à geração de receitas do estado”, resumiu.
 
O presidente da Comissão de Assuntos Municipais, Eduardo Loureiro (PDT), também alertou para o curto prazo de discussão. E ressaltou o fato de que, por ser complexo e com repercussão negativa nos municípios, não pode excluir a sociedade civil do debate.

O presidente da Famurs, Eduardo Bonotto, destacou a importância do saneamento básico e o cumprimento do Marco Regulatório do Saneamento, mas pediu “amadurecimento para trabalhar com respeito e diálogo do que é melhor para os municípios e a população”. O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, antecipou que não vai aderir à regionalização, uma vez que a tarifa da cidade é barata. Ex-presidente da Corsan, Flavio Presser alertou para possíveis impactos futuros na tarifa, com a regionalização. 

Chefe da Casa Civíl reforça permanente diálogo

Em resposta às críticas da ausência do governo do Estado na audiência pública, o chefe da Casa Civil, Artur Lemos, ressaltou que diante da quantidade de debates, houve o acerto da participação na reunião que ocorrerá na Comissão de Finanças, que ainda será agendada. “A ausência foi mais porque havíamos ajustado a questão da comissão de Finanças”, justificou. Ponderou que o Executivo tem participado de várias frentes de discussões sobre o projeto. Um exemplo, foram os encontros organizados pela presidência da Assembleia sobre a criação das Unidades Regionais de Saneamento Básico (URSB). 

Citou ainda o caso do grupo de trabalho com a Famurs, que tem promovido discussões com as associações regionais. Inclusive, nesta quarta-feira, às 14h, ocorrerá encontro com os gestores dos municípios das regiões do Alto da Serra do Botucarai (Amasbi), do Planalto (Ampla), do Noroeste Riograndense (Amunor) e dos Campos de Cima da Serra (Amucser) que possuem contratos com a estatal. Os encontros têm servido para esclarecer os prefeitos dos impactos dos projetos. 

Sobre as propostas (privatização e regionalização), Lemos ponderou que apesar de terem relação, são questões diferentes. No caso da privatização, os argumentos são similares, que envolvem discursos, que são rebatidos, como o de manter a água pública ou que a Corsan tem condições de fazer os investimentos previstos. No caso da regionalização, ponderou que seguem a lógica do Marco Legal do Saneamento. “Até o último dia, no debate, vamos alcançando informações e esclarecendo (dúvidas)”, pontuou, rejeitando a possibilidade de retirada do pedido de urgência no caso dos dois projetos. Citou que a urgência está relacionada ao fato de a discussão já estar atrasada. 


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