Presidente da Assembleia, Luis Augusto Lara vira réu por suspeita de abuso de poder político

Presidente da Assembleia, Luis Augusto Lara vira réu por suspeita de abuso de poder político

Ao lado do irmão e prefeito de Bagé, Divaldo Lara, parlamentar é acusado de ter coagido servidores a fazer campanha

Correio do Povo

Deputado foi eleito para o sexto mandato na Assembleia Legislativa com 56.396 votos, destes 20.836 foram conseguidos em Bagé

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O presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Luis Augusto Lara (PTB), virou réu em um inquérito por suspeita de abuso de poder político, econômico e de autoridade na eleição de 2018. Ao lado de seu irmão Divaldo Lara, prefeito de Bagé, ele é acusado de coagir servidores e usar a máquina pública da cidade para fins de campanha. A ação de investigação judicial eleitoral foi apresentada pelo Psol e pelo PCB, e o Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a cassação dos mandatos e inelegibilidade por oito anos.

Na documentação apresentada pelo órgão, há depoimentos de funcionários públicos, transcrições de conversas via WhatsApp e interceptações de ligações com autorização judicial que sustentam a acusação de que a dupla teria ofendido os princípios da administração pública, colocando em risco a lisura do pleito que elegeu o deputado Luis Augusto Lara para um quarto mandato. Entre as provas levantadas pelo MPE, estaria um jantar para arrecadação de fundos à campanha do parlamentar, em setembro de 2018, quando funcionários teriam sido pressionados a comprar ingressos para o evento.

Na mesma data, com dois meses de antecedência, a prefeitura de Bagé teria pago metade do 13º salário do funcionalismo, o que foi usado como justificativa de que os servidores não poderiam alegar falta de dinheiro para adquirir. A medida é entendida pelo MPE como uma forma de intimidação. "Quem não vendeu que compre seus convites. Não quero devolução. Estamos na reta final" afirma o prefeito em mensagens enviadas pelo aplicativo na véspera do jantar.

Há também indícios de que Divaldo teria favorecido o irmão por meio da assinatura e um decreto que teria instituido expediente em turno único na prefeitura. A medida teria sido tomada para realização de campanha eleitoral. A investigação também aponta que os sevidores seriam coagidos a postar elogios ao candidato em redes sociais e ocorreria a manipulação da folha ponto daqueles que trabalhavam na campanha.

Em um despacho de terça-feira, a relatora do caso, desembargadora Marilene Bonzanini, afirma que os réus ficam "intimados, por meio de seus advogados, para, no prazo de cinco dias, se manifestarem sobre a documentação apresentada pelo Ministério Público Eleitoral". O MPE sustenta que os irmão usaram a máquina pública na satisfação exclusiva de suas ambições pessoais. 

"Considerando o receio de represálias manifestado pela testemunha ouvida pelo MPE e a necessidade de preservação dos dados de terceiros nas interceptações telefônicas e transcrições de mensagens de WhatsApp colacionados, entendo plausível que tais documentos permaneçam sob sigilo, mantida sua visualização exclusivamente aos advogados das partes do processo", disse a relatora.

Contraponto

Por meio de uma nota, o deputado  Luis Augusto Lara afirmou que "em momento algum fui ouvido ou convidado a me manifestar em juízo". "Pela primeira vez terei a oportunidade de defesa sobre esses fatos caluniosos e de injúria que ligam a minha candidatura a esse enredo fantasioso. Vou apresentar judicialmente as provas de que não houve nenhuma irregularidade e buscarei o meu direito pelo dano moral", informou.

"Respeito as investigações e o devido processo legal, mas a judicialização da política se tornou estratégia de alguns partidos. Em função de interesses políticos locais, essa representação, apresentada inicialmente pelo PSOL ao Ministério Público Eleitoral, tenta construir um desgaste à minha trajetória. Tenho uma vida limpa. Em mais de 25 anos de vida pública, sendo secretário de Estado por três ocasiões, nunca sofri qualquer apontamento ou condenação. A verdade será exposta e os fatos esclarecidos", concluiu.

À reportagem, a assessoria de comunicação da prefeitura de Bagé afirmou que vai se manifestar por uma nota, expondo a versão do prefeito dos fatos.


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