Presidente do FNDE diz que teve quatro agendas com pastores no MEC

Presidente do FNDE diz que teve quatro agendas com pastores no MEC

Marcelo Lopes da Ponte nega relação com pastores que teriam pedido propina a prefeitos para liberar recursos a municípios

R7

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O presidente do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), Marcelo Lopes da Ponte, afirmou nesta quinta-feira à Comissão de Educação do Senado que chegou a ter quatro agendas com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, no MEC (Ministério da Educação). Os dois religiosos são suspeitos de terem atuado no ministério para liberar recursos da Educação a municípios mediante pedidos de propina, apontam prefeitos.

Ponte afirmou aos senadores que conheceu os dois pastores em uma agenda no MEC e que ia como convidado a audiências no ministério com a presença dos religiosos. "Estive em algumas agendas no MEC, foram quatro agendas, se não me engano", disse, pouco depois de ter dito que não saberia precisar a quantidade.

Ao ser questionado, o presidente do FNDE afirmou que a mesa de autoridades em audiências realizadas no MEC eram compostas pelo cerimonial e que ele participava apenas como convidado. Ponte ressaltou que cumprimentava os pastores apenas de forma protocolar. Ele disse que os dois se limitavam a fazer alguma oração e nada mais além disso, durante os encontros.

Ponte defendeu o ex-ministro Milton Ribeiro, que pediu demissão após o escândalo, dizendo acreditar na postura dele. "Acredito que terceiros usaram o nome dele e o meu, eventualmente, para se gabaritar e fazer lobby sem a nossa autorização, haja visto que não tem nenhum servidor do FNDE que esteja relacionado com isso."

Na última terça-feira, também na Comissão de Educação, três prefeitos relataram pedidos de propina feitos no primeiro semestre do ano passado pelo pastor Arilton. As falas dos gestores municipais apontam para um padrão da ação desempenhada pelos pastores: eles convidavam os prefeitos para uma audiência no MEC e sentavam-se à mesa com autoridades ao lado do ex-ministro e de Marcelo Ponte. Após o encontro, Arilton chamava os gestores municipais para almoçar em restaurantes, onde os abordava cobrando valores para que pudessem ajudá-los a liberar recursos da Educação para obras em seus municípios.

A reportagem ainda não conseguiu contato com o pastor Arilton. O espaço segue aberto para manifestação. No dia 25 de março, Gilmar publicou uma nota em suas redes sociais, assinada pela Cemaid (Convenção Estadual de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus, Ministério Cristo Para Todos, no Maranhão), em apoio ao pastor e repudiando o que chamou de "campanha irresponsável, covarde e sistemática, de difamação e desmoralização da pessoa do pastor Gilmar Santos".

O caso

A ação dos pastores foi relevada pelo jornal O Estado de S. Paulo, no mês passado. Posteriormente, também foi divulgado um áudio no qual o ex-ministro diz que dava prioridade a pedidos feitos pelo pastor Gilmar, por demanda do presidente da República, Jair Bolsonaro. O áudio foi publicado pelo jornal Folha de S.Paulo.

Após a divulgação de uma série de informações sobre o caso envolvendo os pastores, Milton Ribeiro pediu demissão do cargo no MEC. Em carta, o ex-ministro justificou que após tomar conhecimento, em agosto de 2021, acerca de "uma pessoa" (que ele não cita o nome) que estaria cometendo irregularidades, ele denunciou à CGU (Controladoria-Geral da União).

A informação foi dita por ele também em entrevista à TV Record. No entanto, o R7 mostrou que mesmo depois de ter denunciado os dois pastores, ele participou de um evento evangélico com ambos e os chamou de "amigos".


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