Primeiras horas mostraram uma eleição de novos hábitos em Porto Alegre

Primeiras horas mostraram uma eleição de novos hábitos em Porto Alegre

Eleitores chegaram às seções eleitorais por volta das 6h na zona Sul e no Centro Histórico

Gabriel Guedes

Fila de espera com distanciamento marcou o pleito no Colégio Júlio de Castilhos

publicidade

Devido à pandemia de Covid-19, o horário de abertura dos locais de votação, que em outros pleitos costumava ser às 8h, neste foi às 7h. Mas quem imaginou que poucos seriam os que compareceriam cedo em uma manhã de domingo, pode ter se equivocado. Em várias seções já havia eleitores dispostos e aguardando desde pouco depois das 6h para votar. No Colégio Estadual Júlio de Castilhos, no bairro Santana, por exemplo, o portão abriu pontualmente às 7h e uma fila de cerca de 20 eleitores ingressou no prédio. Em Porto Alegre, as primeiras horas de votação transcorreram sem problemas que impossibilitassem o voto. Maior movimentação foram registradas nas seções situadas na zona Leste da Capital, onde também havia santinhos e panfletos espalhados pelo chão em maior quantidade.

O casal Paulo e Helena Weizenmann, de 68 e 49 anos, respectivamente, chegaram pouco depois das 6h para serem um dos primeiros a votar na Seção 252, no Júlio de Castilhos. Até o local abrir, eles aguardavam pacientemente na Praça Piratini. “Temos que ir trabalhar. Eu no comércio e ela num restaurante”, explicou Weizenmann. Em virtude da própria pandemia, além do início da votação uma hora mais cedo, os eleitores com idade igual ou acima de 60 anos tinham prioridade na votação das até as 10h. Mas não era exclusivo deles. Pessoas mais jovens poderiam votar, mas precisariam deixar os mais velhos passar na frente.

A manhã também foi marcada por esforço e solidariedade. Foi o caso da aposentada Lisi Meira, 69, que mesmo caminhando com dificuldades, com ajuda de um tipo de bengala, foi votar no Colégio João XXII, no bairro Medianeira. Mas se queixou da obrigatoriedade. “A gente tem que mudar alguma coisa neste país.  Ano que vem faço 70 anos e vou pensar se voto na próxima”, adiantou. Distante uma quadra do local, na Escola Estadual Brigadeiro Silva Paes, o estudante Jeferson Figueira, 26 anos, aguardava pacientemente seu vizinho, de cerca de 80 anos. “Sempre levo ele para votar”, disse o morador do bairro Santa Tereza.

Filas e distanciamento

Quem foi votar, encontrou filas mais organizadas e distanciamento entre as pessoas. O uso de máscaras não foi problema. Os mesários e administradores dos prédios tratavam de orientar as pessoas quanto ao distanciamento. Mas com o passar das horas, com o volume de eleitores chegando, foi inevitável a aglomeração no interior das zonas eleitorais. No lado de fora, também não foi diferente, com eleitores se aglomerando nas paradas de ônibus da avenida Bento Gonçalves, próximo à PUCRS - local que costuma reunir grande contingente de eleitores e neste pleito, acabou recebendo ainda mais pessoas devido a algumas mudanças em locais de votação.

A desinformação também foi problema. A cuidadora Mônica Viana Vieira, 55 anos, que mora no bairro Hípica, reclamou das informações desencontradas. Disse ter visto na Internet que sua seção estava no Colégio Parobé, no Centro Histórico. Mas chegou no local e descobriu que era no Sarandi. "Moro há três anos lá. Antes morava no Sarandi. Mas como tudo tinha mudado de lugar, acreditei que era aqui mesmo", relatou. Ela estava acompanhada da filha Andrielli Vieira Tavares, de 18 anos, que votaria pela primeira vez. A Seção da jovem era no bairro onde elas moram atualmente. 

"Liguei duas vezes para o 148. Daí na segunda vez conseguimos atendimento", destacou. O número se refere ao atendimento ao eleitor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS). As mesmas seções que serviam para votar, também eram locais para justificar o voto. Foi o caso do segurança Alberto Lima, 58 anos, de Gravataí, que chegou do trabalho e logo às 8h, já tinha ido justificar o voto. “Estou há três meses em Porto Alegre. Vim pra cá (Porto Alegre) pra conseguir trabalho. Aí não tenho como ir na cidade. Então justifiquei”, defendeu.

Em algumas outras seções houve problemas pontuais. Na 137, na Escola Estadual Paula Soares, no Centro Histórico, uma eleitora que estava inscrita naquela seção, cujo nome não constava na listagem de eleitores entregue aos mesários, ficou impossibilitada de votar. A situação acabou ocasionando fila. No Colégio Bom Conselho, no bairro Moinhos de Vento, houve falta de energia, mas a votação foi mantida com o uso das baterias das próprias urnas eletrônicas.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895