Reforma da Previdência é uma covardia com o trabalhador mais pobre, diz Ciro Gomes

Reforma da Previdência é uma covardia com o trabalhador mais pobre, diz Ciro Gomes

Candidato à presidência pelo PDT em 2018 afirmou que mudanças são "canalhice" do governo

Correio do Povo

Ciro considerou como um dos pontos mais críticos as regras sobre Benefício de Prestação Continuada

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O vice-presidente do PDT, Ciro Gomes, criticou nesta quinta a aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados na noite de quarta-feira. “Estou de ressaca e não é porque bebi”, afirmou em sua primeira frase durante entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, na qual criticou o texto-base. “Perdemos o nexo solidário, não estamos mais nos reconhecendo como nação. A elite brasileira apodreceu e perdeu completamente a noção. O brasileiro mais pobre vai ter que escolher se come mal ou se toma remédios”, opinou sobre as mudanças previstas.

Ciro considerou a Proposta de Emenda à Constituição que altera as regras da aposentadoria é uma "covardia com o trabalhador mais pobre". “Qualquer brasileiro sabe que precisa ser reestruturado, porque a Previdência se baseia em duas pernas que hoje não existem mais: demografia jovem e uma brutal formalidade do mercado de trabalho. Mas o que ocorre no Brasil é que o País perdeu algo de 20 milhões de carteiras assinadas nos últimos dez anos. Você tem uma sociedade que envelheceu e, com trabalho informal, então, a previdência quebrou. Mas a forma de resolver o desequilíbrio… aí está a canalhice do governo e daqueles que aceitaram”, disse.

Candidato à presidência da República pela PDT em 2018, Ciro defendeu a saída compulsória dos oito deputados que votaram contra a orientação partidária. Ele também repreendeu como um dos pontos mais críticos no texto aprovado ontem as regras sobre Benefício de Prestação Continuada (BPC), hoje pago a partir de 65 anos. O valor atual de um salário mínimo (R$ 998 em 2019) passará a R$ 400 e a quem tem 60 anos, chegando ao valor do salário mínimo somente para quem tiver 70 anos. A questão, polêmica, é um dos destaques que serão votados na Câmara durante a semana.

“O brasileiro mais sofrido, doente, velho, que não teve nenhuma condição de contribuir, que está morrendo no frio ou sendo levado para o estádio do Inter com a ajuda do Grêmio, vai ter agora um benefício mínimo”, comentou. Em seguida, criticou a gestão de Jair Bolsonaro. "Esse governo congelou o salário mínimo até 2021. E, veja bem, a conta da energia elétrica subiu 8% e a comida 14%. Ou seja, o pobre utiliza quase todo o seu salário em energia e comida e o salário foi congelado. Como vai ser?", indagou.

Ainda que reconheça o déficit existente na Previdência e classifique como “perversão a forma como se resolveu encarar um problema verdadeiro”, o pedetista disse que é parlamentarista e, por isso, precisa reconhecer que a maioria votou a favor da reforma. Pediu para que fosse feita uma “radiografia” para o déficit levantando atenção para a questão dos militares. “Eles apoiaram essa reforma, mas 99% deles se aposenta com 55 anos. Bolsonaro tem mais ministro militar que (ex-presidente João) Figueiredo. Essa é a verdadeira ditadura militar”, criticou.

Como solução de ajustes de contas, Ciro Gomes propôs maior taxação nas heranças. No Brasil, a alíquota máxima do imposto sobre sobre transmissão causa mortis e doação (ITCMD), de competência estadual, é de 8%, mas a média cobrada é menor, de 4%. Ele também destacou que o Ceará, onde foi governador, foi o único Estado cuja maioria da bancada votou contra o texto e aproveitou a oportunidade para criticar o Partido dos Trabalhadores. “Como que a Bahia e o Rio Grande do Norte, governados pelo PT, dá isso? Caímos na coisa mais escrota, calhorda, inconfiável, que é falar uma coisa em cima da mesa e fazer outra. O PT atuou a favor dessa aberração”, disse.

Condenação de Lula deve ser anulada

Para Ciro, o vazamento de mensagens entre integrantes da força-tarefa da Lava-Jato e o ex-juiz responsável pela operação, Sergio Moro, vai resultar na anulação da condenação do ex-presidente Lula. “O que vai acontecer é que ele vai sair pirilampo, porque o processo será anulado. Não há alternativa. A lei fala com clareza que se declarando o juiz parte suspeita, é nulo o procedimento onde estiver participado desde a origem. Não que ele esteja absolvido”, comentou. Contudo, afirmou que nem toda a integralidade da operação está comprometida.

Jurista, ele classificou o comportamento de Moro como “de um canalha” e “irresponsável”. “Não é razoável, agiu para uma partes. Verdade é uma coisa que para juiz não existe. Ele não está no processo para buscar a verdade. O juiz aplica a lei. Então, se ele de fato se comportou de forma facciosa, todos os fatos feitos por ele durante aquele processo são considerados nulos", argumentou.“Destruiu corporações brasileiras. Mais de 500 mil empregos de corporações importantíssimas no Brasil. E deu prêmio de delação premiada para corrupto”, ironizou. 

Lembrando que não acredita na inocência do petista, Ciro lembro que “até o reles bandido merece ter direito a um julgamento equilibrado, com provas criadas e com um juiz com distanciamento necessário”. “Lula transformou o direção do partido em uma máquina de roubar dinheiro público. Nunca mais contará comigo. Se tem um brasileiro que sabe que ele não tem nada de inocente, sou eu”, afirmou.

Críticas também não faltaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) por "estar defendendo pautas políticas". "O presidente do Supremo Tribunal Federal se sentar com os poderes políticos no café da manhã e acertar um pacto. Então, quem vai julgar as injustiças e ilegalidades desse pacto? Eu nunca vi isso na minha vida. É uma tragédia. Eles precisam se recolher para que o povo brasileiro possa voltar a confiar que não estamos na lei da selva onde vence o mais forte”, finalizou.


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