Regras para emendas de relator serão discutidas nesta segunda

Regras para emendas de relator serão discutidas nesta segunda

As mudanças tentam atender uma determinação do STF que determina mais transparência à destinação dos recursos 

R7

publicidade

O Congresso vota, nesta segunda-feira (29), o Projeto de Resolução (PRN) 4/2021, que estabelece novas regras para as emendas de relator do orçamento. O texto será apreciado na forma de substitutivo, que incluirá emendas de parlamentares que criticam a atual proposta, argumentando que ela não estabelece a transparência exigida pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

O objetivo central da análise é cumprir esta cobrança do STF. Em 9 de novembro, a Corte suspendeu, por voto da maioria dos ministros, os repasses da emenda de relator. Cobrou, ainda, o acesso público do destino e objeto dos recursos dos exercícios orçamentários referentes aos anos de 2020 e 2021. 

O relator da proposta, senador Marcelo Castro (MDB-PI), vai apresentar um substitutivo com a promessa de dar transparência à destinação dos recursos da emenda de relator que, justamente pela falta de informações, se popularizou como "orçamento secreto." De acordo com Castro, além da "transparência total", o texto irá limitar os valores e fortalecer as emendas de comissões e de bancadas. "Não pode haver destinação de recursos público sem total e absoluta transparência", defendeu.

Favorável às emendas do relator, Castro disse que "não se pode demonizar" o artifício, mas que é preciso corrigir os excessos. "Defendo que seja estipulado um limite para esses recursos e que sejam fortalecidas as emendas de bancada e de comissões, analisadas por parlamentares que possuem amplo conhecimento sobre os temas específicos e as demandas prioritárias de seus estados."

As alterações ao PRN 4/2021, além de atender à demanda do STF, procura alcançar o voto da oposição, responsável por acionar a Suprema Corte pedindo a suspensão do pagamento das emendas. Por isso, Castro recebeu sugestões para acrescentar no substitutivo.

Crítico do mecanismo, o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) propõe três emendas com as quais diz ser possível haver o diálogo para a aprovação. "Tem que haver um limite para a emenda, se é R$ 1 bilhão ou R$ 2 bilhões, precisa existir. Isso é uma concessão, porque, na minha opinião, o limite tinha que ser zero. Não tinha que existir emenda de relator, uma coisa obscura", disse ao R7.

Para o ano de 2021, as emendas de relator previstas no orçamento somam R$ 18,5 bilhões. Entre os principais questionamentos da medida está a necessidade de transparência. Isso porque, na prática, os acertos para a liberação da verba ocorrem informalmente e não revelam os beneficiados, sendo usado pelo governo como mecanismo para ampliar a base de apoio.

"O governo vai ter que publicar, a cada 60 dias, o que pagou de emenda, quem foi o deputado ou senador que pediu e para onde se destina o recurso, qual razão, qual a base", propõe Oriovisto. Para romper com a prática de beneficiar aliados do governo, outra proposta é garantir a equidade na distribuição. "Tem que ser igual para todos os parlamentares."

Oriovisto foi um dos parlamentares a questionar a convocação da sessão, na última sexta (26), para discutir o PRN. Ele reivindicou o adiamento da discussão, a fim de apreciar melhor o projeto e propor novas soluções. A reunião foi remarcada para segunda (29).

Impasse

Mesmo com as mudanças propostas no PRN, o STF deve ficar sem respostas aos nomes dos parlamentares que receberam emendas até o momento. Isso porque a transparência sugerida recairá somente para as solicitações feitas após a aprovação do texto. 

Na última quinta (25), o Congresso publicou um ato conjunto promovendo a implementação de mecanismos para ampliar a publicidade da execução das emendas. O texto detalha para quantos ministérios do governo federal esses recursos foram destinados e quais municípios do país receberam emendas em 2020 e 2021, mas não informa quais parlamentares foram contemplados. 

O Congresso pretende resolver a questão através do diálogo. Em reunião com a ministra Rosa Weber, relatora responsável pelo processo que suspendeu os repasses, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), alegou não ser possível prestar as informações retroativas. "O Congresso Nacional está atento à determinação judicial, e irá cumpri-la", disse Pacheco, antes da reunião realizada na sexta (26). "Obviamente, dentro daquilo que for exequível, nós vamos demonstrar ao Supremo que foi devidamente cumprido", completou.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895