Saída de Romildo da corrida ao Piratini gera movimento imediato no cenário eleitoral do RS

Saída de Romildo da corrida ao Piratini gera movimento imediato no cenário eleitoral do RS

Articulação por coligação entre PSB, PDT e PSD pode unir partido de Alckmin a Ciro Gomes e Ana Amélia no RS

Flavia Bemfica

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A decisão do presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, de não ser o candidato do PDT para o governo do RS, está provocando uma movimentação rápida no cenário de articulações entre os partidos no Estado. Na quinta, quase que ao mesmo tempo em que Romildo anunciava sua decisão em uma coletiva, o pré-candidato do PSB ao governo, Beto Albuquerque, almoçava com o presidente estadual do PDT, Ciro Simoni. As duas siglas mantêm conversações desde o mês de setembro. Mas, antes, o PSB tentava também uma alternativa de composição com a frente partidária formada por PT, PCdoB e PV, com Beto na cabeça de chapa, de forma a reproduzir a aliança nacional entre PT e PSB consolidada na chapa Lula/Alckmin. O PT gaúcho, contudo, não cedeu, e manteve a pré-candidatura do deputado Edegar Pretto ao governo. O PDT, por sua vez, precisa de um palanque para a pré-candidatura de Ciro Gomes à presidência da República, mas o fato de ter o nome de Romildo também exclusivamente para a cabeça de chapa ao governo funcionava como um obstáculo ao avanço das conversações.

Agora, nos bastidores, lideranças do PSB e do PDT admitem que, apesar de o PDT ter ventilado que o ex-deputado federal Vieira da Cunha deverá ser o candidato da sigla ao governo do Estado, há um grande espaço para a construção de entendimento. Como o PSB não abre mão da cabeça de chapa, cresceu a articulação para a indicação de Vieira como vice de Beto. Mais do que isto, o PSB negocia também com o PSD gaúcho, que já lançou a pré-candidatura da ex-senadora Ana Amélia Lemos ao Senado. Os socialistas dialogam ainda com Solidariedade e Avante.

Beto admite as tratativas com PDT e PSD para a construção da chapa majoritária, mas adota tom cauteloso. Diz que tentou de todas as formas ser o candidato do ‘campo progressista’ no RS, mas  que o PT gaúcho não aceitou abrir mão da candidatura própria. “Não me cabe ficar insistindo se não há reciprocidade. Eu respeito, estou trabalhando a construção de uma outra frente, e serei candidato a governador.” Ele confirma que já conversou com várias lideranças do PSD, entre elas o presidente nacional, Gilberto Kassab, em Brasília, e a própria Ana Amélia. “Podemos tomar algumas decisões, com possibilidade de estarmos juntos. Se isto ocorrer, evidentemente o palanque do Ciro estará definido. Acredito que o anúncio feito ontem pelo Romildo fortalece o diálogo que já vínhamos mantendo, e a ideia de uma composição PSB/PDT, para as próximas semanas. Se isto ocorrer, é certo que PDT e PSB, juntos, atrairão outros partidos.”

Dos diálogos com o PSD, o ex-deputado assinala ser clara que a prioridade da legenda no RS é a eleição de Ana Amélia ao Senado. “Se é a prioridade do PSD, também deve ser a nossa, caso a aliança ocorra. No meu entendimento, PSB, PDT e PSD podem compor uma chapa muito forte, que terá como foco a defesa da democracia no país e a prioridade da educação no RS.” A resposta para a presença de Ana Amélia em uma eventual composição que se intitule do campo progressista ou socialista/trabalhista já está pronta. “Não há problema nenhum, a Ana Amélia é muito bem-vinda. Primeiro, porque é uma admiradora do Ciro Gomes, já conversamos muito sobre isto. Segundo, porque esta não é uma eleição só de direita e esquerda. É a eleição entre os que sabem ampliar suas relações para resolver problemas e os que não sabem. O Alckmin, que trouxemos para o PSB e que é o pré-candidato a vice do Lula (PT) na disputa presidencial, nunca foi de esquerda, e está em uma chapa de esquerda.”

Quanto ao PDT, apesar do cortejo explícito do PSB, existem lideranças trabalhistas que vêm mantendo conversações com lideranças do MDB e o entorno do pré-candidato do MDB ao governo, Gabriel Souza. A aproximação toma por base relações entre parlamentares dos dois partidos na Assembleia Legislativa, e os vínculos antigos do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e do ex-governador José Ivo Sartori com pedetistas. Assim como com os socialistas, o ingresso do PDT na majoritária, entre os que defendem esta tese, seria para ocupar a vaga de vice, uma vez que se fortalece no MDB o movimento para que Sartori seja candidato ao Senado. A questão nacional, contudo, vem atrapalhando as negociações. 


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